Durante décadas Portugal foi um País de poupanças. Nos últimos anos tornou-se um País de empréstimos. E nos próximos será uma nação de endividados.
O relatório ontem divulgado pelo Banco de Portugal não deixa margem para dúvidas: Portugal já está em segundo lugar da lista de países mais endividados da Europa (pior só a Holanda), as dívidas das famílias representam 84,2% da riqueza gerada no País e os seus rendimentos anuais já não chegam para pagarem o que devem.
A geração dos nossos avós guardava debaixo do colchão os magros contos de réis roubados muitas vezes às necessidades básicas. Poupava para o casamento das filhas e para o seu próprio funeral. E para quem tinha que sobrasse, o dinheiro rendia no banco. Seguia o exemplo de Salazar que mantinha as reservas de ouro enquanto o País passava fome.
A cultura de poupança manteve-se até final dos anos 80. Depois veio a geração do consumo... a crédito. Mais uma vez, seguindo o exemplo do Estado. Ninguém pensa no futuro e vive-se para o presente. Poupar para reformas ou saúde é visto como um desperdício até aos 40. E os juros baixos criaram a atracção dos empréstimos. É por isso que, apesar da crise, os telemóveis vendem-se como pãezinhos quentes, assim como as viagens para o Brasil e os fins-de-semana alargados no Algarve.
A cultura do compre-se que o banco empresta gera, milhões para a banca só em juros foram 13,9 mil milhões no último ano , mas hipoteca o futuro. O dos próprios bancos, que se mostram já preocupados, o das famílias e o do País.
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