Na foz do Rio Leça fica o Porto de Leixões. Andam por lá a decorrer umas "obritas" para que navios de maior calado nele "penetrem", mas que implicam uns estrondosos rebentamentos que, dizem, controlados. O que sei, ou melhor, o que sinto, é a casa a abanar todos os dias, duas ou três vezes seguidas pelas oito da manhã, isto depois de uns estridentes apitos de alerta... O Leça não tem culpa, por isso aqui vão uns versos em sua honra:
«Nas margens do seu leito desfrutei
esse cantinho aonde me isolava,
remanso sereno que me encantava:
o mais belo, da casa que habitei.
Como quem mal não cuida, reparei
que um desvio à sua volta o rondava,
e a tão amargo fim o condenava,
vítima das marés, progresso e lei...
Sei que vive ainda, - quão maltratado!...
- Chega até mim, num eco destroçado,
saudade, dos seus barcos rio-acima!...
Das suas margens floridas, saudosas,
se evaropou o perfume das rosas!...
Ai, meu rio Leça, de tão triste sina!...»
(Inês Sá - "Ecos da Minh'Alma", 1993)
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