Justiça à justa , por JORGE MAIA
Há cerca de dois anos, mais mês menos mês, quando algumas pessoas foram arrastadas com chinfrim e espalhafato pela Polícia Judiciária para prestarem declarações no âmbito do processo Apito Dourado, houve meia-dúzia de almas que deram alvíssaras pelo funcionamento imaculado da nossa Justiça. Alimentadas a conta gotas pelas fontes no Ministério Público e na própria Judiciária, sem os limites impostos pela necessidade de apresentação de provas, foram lavrando processos à medida do único veredicto que lhes enchia as medidas, trocando a presunção de inocência a que qualquer arguido tem direito, pela presunção de culpa que lhes acalmava as últimas duas décadas de azia controlada a anti-ácidos. O tempo tratou de acalmar a euforia com que receberam a humilhação pública de que foram alvo a maioria dos arguidos do processo Apito Dourado. A Justiça, inicialmente tão celebrada por tão célere, começou a merecer reparos pela demora em fazer sangue. Afinal, para quê perder tempo como a audição de testemunhas ou com a recolha de provas? Não se podia resolver tudo com a eficácia de um processo sumaríssimo? Não se podia passar logo para a leitura da sentença? Pelos vistos não. A Justiça, cega para aquilo que qualquer idiota pode claramente ver - muito idiotas viram mesmo - já arquivou uma mão-cheia de processos por falta de provas. Falta de provas, vejam lá, como se isso tivesse alguma coisa a ver com Justiça a sério, daquela que se faz nas colunas de opinião, onde as suspeitas não precisam de passar das insinuações ou de uma piscadela de olho cúmplice, do género "vocês sabem do que eu estou a falar".
Há cerca de dois anos, mais mês menos mês, quando algumas pessoas foram arrastadas com chinfrim e espalhafato pela Polícia Judiciária para prestarem declarações no âmbito do processo Apito Dourado, houve meia-dúzia de almas que deram alvíssaras pelo funcionamento imaculado da nossa Justiça. Alimentadas a conta gotas pelas fontes no Ministério Público e na própria Judiciária, sem os limites impostos pela necessidade de apresentação de provas, foram lavrando processos à medida do único veredicto que lhes enchia as medidas, trocando a presunção de inocência a que qualquer arguido tem direito, pela presunção de culpa que lhes acalmava as últimas duas décadas de azia controlada a anti-ácidos. O tempo tratou de acalmar a euforia com que receberam a humilhação pública de que foram alvo a maioria dos arguidos do processo Apito Dourado. A Justiça, inicialmente tão celebrada por tão célere, começou a merecer reparos pela demora em fazer sangue. Afinal, para quê perder tempo como a audição de testemunhas ou com a recolha de provas? Não se podia resolver tudo com a eficácia de um processo sumaríssimo? Não se podia passar logo para a leitura da sentença? Pelos vistos não. A Justiça, cega para aquilo que qualquer idiota pode claramente ver - muito idiotas viram mesmo - já arquivou uma mão-cheia de processos por falta de provas. Falta de provas, vejam lá, como se isso tivesse alguma coisa a ver com Justiça a sério, daquela que se faz nas colunas de opinião, onde as suspeitas não precisam de passar das insinuações ou de uma piscadela de olho cúmplice, do género "vocês sabem do que eu estou a falar".
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