«Por muitas e variadas razões a equipa do F.C. Porto está obrigada a ganhar o jogo que vai disputar com o Benfica no dia dos enganos.
Esta crónica não vem publicada na secção desportiva deste jornal (espero eu...) e bem, porque o Benfica-F.C. Porto de domingo é muito mais do que um simples jogo de futebol.
No 1.º de Abril é costume contar-se mentiras. No clássico do próximo dia dos enganos, as aparências iludem. Um campo relvado, a moldura humana condizente garantida, uma bola, 11 de cada lado e um trio de arbitragem à primeira vista parece que só temos um jogo de futebol, mas, na verdade, temos bastante mais que isso.
A equipa do clube e da SAD de que Jorge Nuno Pinto da Costa é presidente (desde sempre, na memória dos maiores de 25 anos...) tem de ganhar no domingo por várias razões, nem todas desportivas.
Primeira razão. Desbaratada a vantagem pontual conseguida na fase inicial da prova, qualquer outro resultado que não a vitória terá consequências negativas. Uma eventual derrota ditaria a perda da liderança e aproximaria perigosamente o Sporting; e mesmo o empate, conservando o primeiro lugar, induziria um stress pós-Benfica de grande intensidade, sobretudo quando o seu calendário final é objectivamente pior. Para ser campeão, o F.C. Porto deve ganhar. Não chega pontuar.
Segunda razão. O orçamento da SAD portista para o futebol é o mais bem nutrido de todos os clubes portugueses. Apesar de essa superioridade não ter impedido as últimas vitórias europeias do F.C. Porto contra clubes de orçamentos infinitamente maiores, ganhar não deixa de ser uma obrigação de quem mais investe. Os sócios não gostarão e os accionistas não entenderão que seja de outra forma.
Terceira razão. É fundamental pôr uma pedra na suspeição lisboeta generalizada de que o F.C. Porto só vence campeonatos com ajuda dos árbitros. A verdade, doa a quem doer, é que para a arbitragem funciona a teoria dos alcatruzes da nora. Nos grandes números as coisas sempre se equilibram entre os "grandes" e, quando muito, serão os mais pequenos que poderão ter razões de queixa dos três maiores. Acontece que este ano é o Benfica que anda a ser "levado ao colo" e esta suspeição, tão mediatizada pelas violações do segredo de Justiça do processo Apito Dourado, tem implicado um prejuízo extraordinário aos dragões. Ganhar este ano, é reviver o primeiro título conquistado por Pedroto ao cabo de 19 anos de poder da capital. Contra tudo e contra todos…
Quarta razão. Está em curso a mais violenta ofensiva dos últimos 25 anos contra Pinto da Costa. Mesmo percebendo aqueles que dizem que ele se pôs a jeito em várias ocasiões, não podemos esquecer que o ataque público às suas "virtudes" privadas só existe porque Pinto da Costa é presidente do F.C. Porto e, sob o seu comando, Benfica e Sporting deixaram de poder partilhar as vitórias e o poder do futebol em Portugal.
Isto é tão mais grave nos dias que correm, quanto o futebol deixou de ser apenas um jogo para se transformar num negócio que pode envolver milhões, se a cabeça dos dirigentes e os resultados da equipa derem uma ajuda.
Quinta razão. Embora disponha hoje de uma afirmação e de um reconhecimento nacional e internacional, o F.C. Porto tem sido a bandeira do Norte, que se tem de erguer mais alto sempre que os políticos falam e voam mais baixinho, como é o caso actual.
Num ano em que as estatísticas arrasam a Região Norte, uma derrota no futebol só contribuirá para diminuir a auto-estima e potenciar a depressão, atrasando o suplemento de alma indispensável ao combate que é preciso travar no Norte, para melhoria das nossas condições de vida.
Como a vida me ensinou a não acreditar em milagres, vistas estas razões, acho que só deixarão o F.C. Porto ganhar se for por engano.»
Manuel Serrão in Jornal de Notícias
Esta crónica não vem publicada na secção desportiva deste jornal (espero eu...) e bem, porque o Benfica-F.C. Porto de domingo é muito mais do que um simples jogo de futebol.
No 1.º de Abril é costume contar-se mentiras. No clássico do próximo dia dos enganos, as aparências iludem. Um campo relvado, a moldura humana condizente garantida, uma bola, 11 de cada lado e um trio de arbitragem à primeira vista parece que só temos um jogo de futebol, mas, na verdade, temos bastante mais que isso.
A equipa do clube e da SAD de que Jorge Nuno Pinto da Costa é presidente (desde sempre, na memória dos maiores de 25 anos...) tem de ganhar no domingo por várias razões, nem todas desportivas.
Primeira razão. Desbaratada a vantagem pontual conseguida na fase inicial da prova, qualquer outro resultado que não a vitória terá consequências negativas. Uma eventual derrota ditaria a perda da liderança e aproximaria perigosamente o Sporting; e mesmo o empate, conservando o primeiro lugar, induziria um stress pós-Benfica de grande intensidade, sobretudo quando o seu calendário final é objectivamente pior. Para ser campeão, o F.C. Porto deve ganhar. Não chega pontuar.
Segunda razão. O orçamento da SAD portista para o futebol é o mais bem nutrido de todos os clubes portugueses. Apesar de essa superioridade não ter impedido as últimas vitórias europeias do F.C. Porto contra clubes de orçamentos infinitamente maiores, ganhar não deixa de ser uma obrigação de quem mais investe. Os sócios não gostarão e os accionistas não entenderão que seja de outra forma.
Terceira razão. É fundamental pôr uma pedra na suspeição lisboeta generalizada de que o F.C. Porto só vence campeonatos com ajuda dos árbitros. A verdade, doa a quem doer, é que para a arbitragem funciona a teoria dos alcatruzes da nora. Nos grandes números as coisas sempre se equilibram entre os "grandes" e, quando muito, serão os mais pequenos que poderão ter razões de queixa dos três maiores. Acontece que este ano é o Benfica que anda a ser "levado ao colo" e esta suspeição, tão mediatizada pelas violações do segredo de Justiça do processo Apito Dourado, tem implicado um prejuízo extraordinário aos dragões. Ganhar este ano, é reviver o primeiro título conquistado por Pedroto ao cabo de 19 anos de poder da capital. Contra tudo e contra todos…
Quarta razão. Está em curso a mais violenta ofensiva dos últimos 25 anos contra Pinto da Costa. Mesmo percebendo aqueles que dizem que ele se pôs a jeito em várias ocasiões, não podemos esquecer que o ataque público às suas "virtudes" privadas só existe porque Pinto da Costa é presidente do F.C. Porto e, sob o seu comando, Benfica e Sporting deixaram de poder partilhar as vitórias e o poder do futebol em Portugal.
Isto é tão mais grave nos dias que correm, quanto o futebol deixou de ser apenas um jogo para se transformar num negócio que pode envolver milhões, se a cabeça dos dirigentes e os resultados da equipa derem uma ajuda.
Quinta razão. Embora disponha hoje de uma afirmação e de um reconhecimento nacional e internacional, o F.C. Porto tem sido a bandeira do Norte, que se tem de erguer mais alto sempre que os políticos falam e voam mais baixinho, como é o caso actual.
Num ano em que as estatísticas arrasam a Região Norte, uma derrota no futebol só contribuirá para diminuir a auto-estima e potenciar a depressão, atrasando o suplemento de alma indispensável ao combate que é preciso travar no Norte, para melhoria das nossas condições de vida.
Como a vida me ensinou a não acreditar em milagres, vistas estas razões, acho que só deixarão o F.C. Porto ganhar se for por engano.»
Manuel Serrão in Jornal de Notícias
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