Manuel, Serrão, Empresário
A retumbante vitória de Alberto João nas eleições da Madeira pode alimentar muitas teorias, mas tem uma leitura política inapelável uma região pode ser bem gerida num modelo de autonomia regional. É isso que dizem as estatísticas mais recentes e é claramente isso que disseram as últimas eleições.
Por falta de comparência de outras sedes e instituições onde o assunto podia e devia ser discutido até com mais propriedade, tem sido no JN o fórum da discussão das problemáticas do desequilíbrio regional, da crescente falta de competitividade do Norte e do renascimento do tema da Regionalização.
No diagnóstico, não há registo de vozes discordantes. As estatísticas conhecidas são avassaladoras e as diferenças começam a ser tão gritantes que os números, que nunca mentem, deixaram de ser manipuláveis.
Se o acordo sobre a situação se tornou inevitável, já no que toca à terapêutica continuam a existir várias opiniões, especialmente quando a questão da Regionalização é chamada à colação.
Ainda na semana passada, foi curioso verificar como é que depois de uma notável entrevista do prof. Valente de Oliveira ao JN, o eng.º Couto dos Santos, seu colega na direcção da AEP, foi capaz de vir a público, neste mesmo jornal, prestar declarações em sentido oposto, não se coibindo mesmo de dizer que só quer a Regionalização quem quer "tachos" políticos.
A amizade e a consideração que o eng.º Couto dos Santos sabe que tenho por ele obrigam-me a pedir-lhe que me acompanhe num pequeno e simples esforço de compreensão da situação factual, que me proponho fazer nas linhas seguintes e que é feita naturalmente a pensar nos leitores do JN, mas é hoje dedicada ao engenheiro que ajudou a pôr ordem na Casa da Música.
Esqueçamos por uns momentos as opiniões mais ou menos acaloradas e concentremo-nos no essencial. Nos números oficiais. Na situação actual. Não é preciso ser licenciado em coisa nenhuma para perceber que há uma parte muito significativa do país, onde vivem e trabalham mais de um terço dos portugueses que, considerada isoladamente, integra o grupo das regiões que são a vergonha da Europa e, considerada como parte de um todo, contribui fortemente para uma performance menos feliz de Portugal no ranking das estatísticas por países dos sucessos europeus.
No actual contexto político-admnistrativo, aquilo a que chamamos Região Norte é uma ficção que só tem interesse para demarcar as divisões daquilo que na verdade não interessa.
Os números do Norte e o tão propalado falhanço do Norte não podem ser assacados levianamente aos que cá vivem, pelos que decidem o que cá se pode fazer e como se há-de gastar o dinheiro que cá se gera. Os adeptos do centralismo não são donos da verdade, mas são donos, isso sim, da situação a que temos tido direito e é o modelo que defendem que conduziu o país e também o Norte à situação em que todos nos encontramos.
Dizer como Sousa Tavares ou Couto dos Santos que a Regionalização só serve para criar mais "tachos" tem o mesmo valor que ver um regionalista encartado a defender que eles não querem a Regionalização porque não querem perder os "tachos" que já têm.
Não é a falar destes "tachos" que se cozinha um futuro melhor. Está na altura de percebermos todos que o actual sistema não regionalizado e não descentralizado tem criado graves assimetrias regionais, mas sobretudo tem sido nefasto para o desenvolvimento do país na sua globalidade.
Julgo que chegou o momento de experimentarmos um novo modelo na ressaca do absoluto falhanço do que tem vigorado até hoje. Aparentemente, nem haverá nada a perder, a acreditar que batemos no fundo, como tantos dizem. Se me perdoam a metáfora futebolística , quando o F. C. Porto joga com dez porque um dos seus jogadores não acrescenta valor à equipa, a culpa é toda dele, ou é essencialmente de quem tem o poder de decidir quem joga e como joga?
Como acontece com esse jogador que também ganha o prémio de vitória quando a equipa ganha, mesmo sem ele, acho que também já chega de criticarmos os "jogadores" do Norte, que não têm culpa de ser obrigados a jogar com a táctica que só os senhores da capital podem decidir.
A retumbante vitória de Alberto João nas eleições da Madeira pode alimentar muitas teorias, mas tem uma leitura política inapelável uma região pode ser bem gerida num modelo de autonomia regional. É isso que dizem as estatísticas mais recentes e é claramente isso que disseram as últimas eleições.
Por falta de comparência de outras sedes e instituições onde o assunto podia e devia ser discutido até com mais propriedade, tem sido no JN o fórum da discussão das problemáticas do desequilíbrio regional, da crescente falta de competitividade do Norte e do renascimento do tema da Regionalização.
No diagnóstico, não há registo de vozes discordantes. As estatísticas conhecidas são avassaladoras e as diferenças começam a ser tão gritantes que os números, que nunca mentem, deixaram de ser manipuláveis.
Se o acordo sobre a situação se tornou inevitável, já no que toca à terapêutica continuam a existir várias opiniões, especialmente quando a questão da Regionalização é chamada à colação.
Ainda na semana passada, foi curioso verificar como é que depois de uma notável entrevista do prof. Valente de Oliveira ao JN, o eng.º Couto dos Santos, seu colega na direcção da AEP, foi capaz de vir a público, neste mesmo jornal, prestar declarações em sentido oposto, não se coibindo mesmo de dizer que só quer a Regionalização quem quer "tachos" políticos.
A amizade e a consideração que o eng.º Couto dos Santos sabe que tenho por ele obrigam-me a pedir-lhe que me acompanhe num pequeno e simples esforço de compreensão da situação factual, que me proponho fazer nas linhas seguintes e que é feita naturalmente a pensar nos leitores do JN, mas é hoje dedicada ao engenheiro que ajudou a pôr ordem na Casa da Música.
Esqueçamos por uns momentos as opiniões mais ou menos acaloradas e concentremo-nos no essencial. Nos números oficiais. Na situação actual. Não é preciso ser licenciado em coisa nenhuma para perceber que há uma parte muito significativa do país, onde vivem e trabalham mais de um terço dos portugueses que, considerada isoladamente, integra o grupo das regiões que são a vergonha da Europa e, considerada como parte de um todo, contribui fortemente para uma performance menos feliz de Portugal no ranking das estatísticas por países dos sucessos europeus.
No actual contexto político-admnistrativo, aquilo a que chamamos Região Norte é uma ficção que só tem interesse para demarcar as divisões daquilo que na verdade não interessa.
Os números do Norte e o tão propalado falhanço do Norte não podem ser assacados levianamente aos que cá vivem, pelos que decidem o que cá se pode fazer e como se há-de gastar o dinheiro que cá se gera. Os adeptos do centralismo não são donos da verdade, mas são donos, isso sim, da situação a que temos tido direito e é o modelo que defendem que conduziu o país e também o Norte à situação em que todos nos encontramos.
Dizer como Sousa Tavares ou Couto dos Santos que a Regionalização só serve para criar mais "tachos" tem o mesmo valor que ver um regionalista encartado a defender que eles não querem a Regionalização porque não querem perder os "tachos" que já têm.
Não é a falar destes "tachos" que se cozinha um futuro melhor. Está na altura de percebermos todos que o actual sistema não regionalizado e não descentralizado tem criado graves assimetrias regionais, mas sobretudo tem sido nefasto para o desenvolvimento do país na sua globalidade.
Julgo que chegou o momento de experimentarmos um novo modelo na ressaca do absoluto falhanço do que tem vigorado até hoje. Aparentemente, nem haverá nada a perder, a acreditar que batemos no fundo, como tantos dizem. Se me perdoam a metáfora futebolística , quando o F. C. Porto joga com dez porque um dos seus jogadores não acrescenta valor à equipa, a culpa é toda dele, ou é essencialmente de quem tem o poder de decidir quem joga e como joga?
Como acontece com esse jogador que também ganha o prémio de vitória quando a equipa ganha, mesmo sem ele, acho que também já chega de criticarmos os "jogadores" do Norte, que não têm culpa de ser obrigados a jogar com a táctica que só os senhores da capital podem decidir.
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