Todo mundo ama. Ao menos uma vez na vida – muitos privilegiados até mais que isso. Mas cada vez menos se vê uma história de amor capaz de suportar a passagem do tempo e as limitações todas que a vida muitas vezes impõe. O filme dessa semana – a semana dos namorados, vai fundo no estilo água com açúcar para combater todo tipo de amargura.
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Nos dias atuais, em uma casa de repouso para idosos, um homem lê uma bela história para uma mulher. A atenta ouvinte sofre do mal de Alzheimer, e é acometida por freqüentes episódios de perda de memória, tudo em função dos inevitáveis males da idade.
Porém, seu incansável companheiro faz questão de lhe relembrar diariamente todos os detalhes do emocionante relato descrito em seu caderno de anotações. A insistência do contador de histórias surte efeito e graças à sua boa vontade, ambos podem mergulhar em todas as boas lembranças trazidas pela mente e pelo coração.
É assim, com delicadeza e muita sensibilidade que o enredo de Diário de Uma Paixão (2004) é apresentado. Um amontoado de registros pessoais, um simpático casal de idosos e uma chuva de flash backs que conduzem o telespectador para dentro de uma história de amor e paixão iniciada na década de quarenta. Melado demais pra você?
Ok, para não dizer que falei apenas aos mais românticos, vale também mencionar os aspectos mais técnicos do filme. Sim, a fórmula é bem conhecida. Rapaz pobre e menina rica que se apaixonam perdidamente e são separados pelos preconceitos envolvendo as questões materiais que determinam os diferentes status entre os amantes – além de outros desencontros característicos. Até aí, nenhuma novidade.
O que surpreende é simplesmente a forma como a história é contada. Um pequeno detalhe que faz toda a diferença e dispensa segredos mirabolantes como narrativas muito complexas ou efeitos especiais de última geração. No máximo uma bela fotografia como pano de fundo para a impetuosa paixão entre o marceneiro Noah Calhoun e a “patricinha” Allie Hamilton.
A doçura – e quase inocência – de Diário de Uma Paixão é percebida quase todas as cenas, mas tem um peso crucial para o desfecho da obra, que, aliás, foi criticado pelos mais céticos. Entretanto, sem essa dose extra de açúcar, todo o crescente romantismo apresentado durante a trama se perderia em seu momento mais importante.
E cá entre nós: no fundo, essa também não é a fórmula de todas as histórias de amor reais? Em princípio, o amor é um só. Se vamos fazer dele uma história de cinema ou mais uma figurinha batida num grande álbum, vai depender da forma como ele é vivido. E Diário de Uma Paixão sem dúvida nenhuma, é um filme para amantes à moda antiga!
Ficha Técnica: Diário de Uma Paixão (2004); Nick Cassavetes (EUA).
Gênero: Romance/Drama.
Outras obras Nick Cassevetes: Um Ato de Coragem (2002) e Alpha Dog (2006).
Mais Diário de Uma Paixão: O filme foi baseado no livro de Nicholas Sparks – O Caderno de Noah. Gena Rowlands, a atriz que interpreta a senhora idosa da casa de repouso é mãe do diretor Nick Cassavetes na vida real. Diário de Uma Paixão ganhou dois prêmios no MTV Movie Awards nas categorias de Melhor Revelação Feminina (Rachel McAdams) e Melhor Beijo (Ryan Gosling e Rachel McAdams). E foi indicado também para a categoria de Melhor Atriz (Rachel McAdams).
(Artigo publicado na coluna Mais, jornal Agora Sertãozinho, em 09 de junho de 2007)
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