A maioria das pessoas gosta do Natal porque pertence a dois grupos plenamente reconciliados com a época: os crentes (que o festejam com maior ou menor religiosidade) e os secularistas (que se apropriaram do evento religioso, conferindo-lhe contornos puramente laicos e transformando-o numa grande celebração do real, da matéria e – curiosamente – da família). Os primeiros constroem presépios, vão à Missa do Galo e recolhem-se em oração. Os segundos invadem os centros comerciais, embrulham e etiquetam presentes, ornamentam árvores e enviam MMS com renas e céus estrelados.
Resta um pequeno grupo, de quem Dante parecia falar quando escreveu “os lugares mais quentes do Inferno estão reservados para aqueles que, numa época de grandes desafios, mantenham a sua neutralidade”. Falta-lhes a crença para celebrarem o nascimento de Jesus e o entusiasmo materialista para festejarem o mito da modernidade. Sobra-lhes, pois, o Inferno – não a punição numa vida futura a que aludia o mestre florentino, mas o castigo de viver todos os dias de Dezembro como proscritos.
(totalmente de acordo com o José Gomes André, cuja opinião acima transcrevo)
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