Corria o ano de 2005 e, após aquela vergonhosa actuação de Sampaio, lá nos preparávamos para eleger o insuportável Sócrates. No debate televisivo entre Santana Lopes e Sócrates, este último - com a sofisticação de pensamento, eloquência, profundidade no conteúdo e outras coisas igualmente boas que lhe são reconhecidas por toda a Via Láctea- a páginas tantas disse a originalíssima frase (e cito de memória) ' um socialista nunca vira os olhos à pobreza', o que foi, de resto, o seu manifesto de esquerda no dito debate. (À época, recorde-se, Sócrates estava tão preparado para ser pm como Palin ou Obama para serem presidentes dos EUA, o que ainda assim foi o pico de adequabilidade de Sócrates à função governativa).
Ficam a saber: um político de esquerda que refere a pobreza (alheia, bem entendido) na sua campanha eleitoral demonstra compaixão, interesse pelo bem-estar dos mais vulneráveis da sociedade e até coerência ideológica; um político de direita que refere a pobreza nas mesmas circunstâncias está simplesmente a usar os mais fracos com fins eleitorais - porque, como também se sabe em todo o universo, a pobreza, no fim de quinze anos de socialismo, é uma situação que atinge escassa gente e de forma nenhuma salta aos olhos e só um político muito velhaco vai buscar algo em vias de extinção no Portugal de 2010. Ou isso ou José Sócrates é um invertebrado demagógico e hipócrita capaz de acusar os outros do que ele próprio já fez.
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