Vi este filme pela quarta vez. Trata-se de um excelente história baseada em factos verídicos, constituindo o testemunho duma época negra da Irlanda, onde durante décadas inúmeras raparigas sob a alçada de instituições católicas foram repetidamente exploradas, humilhadas, seviciadas e abusadas sexualmente, não tendo a Igreja feito nada para pôr cobro a essa escabrosa situação, limitando-se apenas a um conveniente silêncio, por sinal bastante lucrativo. O cenário mostra-nos a Irlanda rural, em meados dos anos 60, onde três jovens são internadas à força pelos respectivos pais num dos asilos de Maria Madalena, pertencente às Irmãs da Misericórdia, onde eram acolhidas raparigas pobres a fim de expiarem os seus pecados.
Durante quatro anos Margaret (Anne-Marie Duff), Bernardette (Nora-Jane Noone) e Rose (Dorothy Duffy) irão sofrer toda a espécie de maus tratos físicos e emocionais perpetrados pelas religiosas da Instituição, trabalhando para as mesmas sem direito a qualquer compensação pecuniária.
Até 1996, data do encerramento dessa instituição, passaram pelos asilos de Maria Madalena cerca de 30.000 mulheres, desprezadas e abandonadas pelas famílias pelo simples facto de não seguirem os padrões religiosos dominantes, cuja conduta social era considerada desviante: jovens demasiado belas e inteligentes, mães solteiras, vítimas de violação… Tudo servia de pretexto para serem ilegalmente internadas e assim salvaguardarem a suposta honra familiar.
Não seria de estranhar se isso tivesse acontecido na Idade Média, onde o obscurantismo religioso imperava, porém, em plena era contemporânea é deveras revoltante. A infâmia, mais do que praticada pela Igreja, era perpetrada por outras mulheres, que a cobro de uma ordem religiosa, se governavam financeiramente através dos conceitos medievos e das crenças atrasadas de um povo temente a Deus mas pouco corajoso.
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