O Estado português está falido. Mas Sócrates insiste em levar avante projectos megalómanos e inúteis, como o TGV ou o novo aeroporto de Lisboa. Para nosso desespero, os governos parecem nunca aprender com os erros do passado. Que são demasiados. Só na última década, foi o Europeu de futebol em 2004 e a Capital Europeia da Cultura que nos deixaram muitas dívidas e nenhuma saudade.Como legado do Europeu de futebol, temos agora plantados pelo país dez estádios novos e caríssimos, pagos pelos impostos de todos nós. Foi-nos prometido por vários governos que seriam estruturas auto-sustentáveis e até rentáveis, que o futebol seria um "cluster" de negócios atractivo, com equipas do Norte da Europa a realizarem aqui os seus estágios e até alguns torneios. Volvidos sete anos, temos seis ruínas gigantescas, que não geram sequer receita para a sua manutenção. Equipas estrangeiras em estágio são uma miragem. Prometeram-nos o céu do futebol mas deixaram-nos fora-de-jogo. A Capital da Cultura em 2001 no Porto, por sua vez, foi um rotundo fracasso. Propunha-se conciliar uma nova programação cultural com um forte movimento de regeneração urbana. Falhou ambos os objectivos. A programação cultural em 2001 teve momentos altos e baixos, mas não conseguiu marcar a vida cultural portuense nem perspectivar o seu futuro. As intervenções urbanísticas foram mal planeadas e ignoraram a funcionalidade dos espaços a intervir. As consequências no Centro Histórico do Porto não deixaram de se fazer sentir, com lojas encerradas e zonas definitivamente abandonadas. De positivo, ficou apenas a Casa da Música. Mas os exemplos de obras caras e inúteis na recente história portuguesa são inúmeros. E, apesar da crise, a saga continuará. Está à porta mais uma capital europeia da cultura em Guimarães. O TGV irá enriquecer os grupos europeus detentores de tecnologia e as grandes construtoras nacionais. Deslocalizar-se-á o aeroporto de Lisboa, permitindo a especulação imobiliária nos terrenos da Portela. As experiências megalómanas falhadas e os seus efeitos perversos não refreiam o ímpeto despesista dos políticos, nem moderam a ganância dos empresários que os dominam. |
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