Os gelos da Gronelândia e da Antárctida estão a perder a sua massa a um ritmo mais acelerado, com consequências para o nível dos oceanos, alerta um novo estudo realizado a partir de observações de satélite, financiado pela NASA e publicado ontem.
Esta investigação sobre as alterações na massa dos gelos polares, que já dura há 20 anos, permite concluir que o degelo que mais contribui para a subida do nível dos oceanos é o que está a acontecer nos dois pólos e não o dos glaciares das montanhas, segundo os investigadores, no estudo publicado na edição de Março da “Geophysical Research Letters”.
Além disso, o aumento do nível dos oceanos poderá acontecer muito mais cedo do que aquilo que é estimado pelos modelos actuais.
Por exemplo, as observações de satélite mostram que em 2006 a Gronelândia e a Antárctida perderam, em conjunto e em média, 475 mil milhões de toneladas de gelo. Este volume seria suficiente para fazer subir o nível dos oceanos em 1,3 milímetros, em média, por ano.
Todos os anos, ao longo do estudo, as duas massas de gelo árctico e antárctico perderam, no total, 36,3 mil milhões de toneladas a mais do que no ano anterior. Em comparação, um estudo de 2006 mostra que os glaciares e as calotas de gelo das montanhas perderam 402 mil milhões de toneladas por ano, com uma aceleração do degelo em relação ao ano anterior três vezes menor do que nos pólos.
Se as taxas do degelo nos dois pólos continuarem a este ritmo nos próximos 40 anos, a perda acumulada de gelo fará subir o nível médio dos oceanos em 15 centímetros até 2050, concluem os investigadores. Além destes 15 centímetros, o degelo dos glaciares e das calotas das montanhas acrescentarão oito centímetros, sem esquecer um acréscimo de nove centímetros resultante da dilatação térmica das águas.
No final das contas, os oceanos poderão ver o seu nível médio subir 32 centímetros até 2050, estimam os autores do estudo.
“O facto de o degelo nos pólos contribuir mais para a subida dos oceanos no futuro não é surpreendente, dado que eles contêm mais gelo que os glaciares das montanhas”, comenta Eric Rignot, investigador do Jet Propulsion Laboratory, da NASA, em Pasadena (Califórnia) e na Universidade da Califórnia, em Irvine, e um dos principais autores desta comunicação. “Aquilo que é surpreendente é que a maior contribuição desse gelo dos pólos já está a acontecer. Se as tendências actuais continuarem, os níveis do mar vão provavelmente ser significativamente mais elevados que aqueles projectados pelo IPCC [Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas] em 2007”, acrescentou.
A equipa de Rignot combinou quase 20 anos (1992-2009) de medições mensais por satélite com dados regionais do clima para estudar as alterações na massa dos gelos e as tendências na evolução do degelo.
0 comentários:
Enviar um comentário