A boa notícia que temos para lhe dar nas páginas desta edição é que as caves de vinho do Porto, em Gaia, recuperaram da queda de turistas. A má notícia, essa, já a tínhamos publicado na edição de ontem pela boca de José António Barros, o presidente da Associação Empresarial de Portugal: "A exploração do aeroporto do Porto [Francisco Sá Carneiro] está a subsidiar outros aeroportos".
Entre a esperança que nos traz a boa notícia de hoje [700 mil turistas em 2010, mais 6,6 por cento do que em 2009, quando as caves tinham perdido 4% dos seus clientes] e a má notícia de ontem [a ameaça que, em tempo de grave crise financeira e anunciadas privatizações, paira sobre o aeroporto, considerado como o factor decisivo do revigoramento do enoturismo focado no nosso vinho do Porto] há seguramente matéria suficiente para nos entendermos sobre uma estratégia que nos defenda.
E que, à falta de uma autoridade regional, parece obrigar os presidentes dos municípios envolvidos: Maia, porque é lá que está o aeroporto, Porto, que é a marca propriamente dita, e Gaia, porque tem as caves. Sendo certo que esta linha de enoturismo se estende pelo vale do Douro e as suas quintas, onde se produz o valioso vinho que o Mundo aprecia, ou seja, por terras representadas num conjunto mais vasto de municípios, os quais, por estarem situados fora da Área Metropolitana do Porto, requereriam um nível de concertação regional que ainda não temos, infelizmente.
Mas fiquemo-nos pela Maia, que nos leva em linha recta ao crescimento dos turistas nas caves do Porto, em Gaia.
Nas páginas desta edição do JN ficamos a saber que os voos "low cost" são responsáveis pela recuperação turística das caves de vinho do Porto. O que só vem confirmar tudo quanto já tínhamos concluído sobre o novo valor do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, como o grande aeroporto internacional para servir o Norte de Portugal e da Galiza. Um estatuto incontestável conquistado muito à custa do conceito de voos "low cost", ao qual está associado um tão grande valor acrescentado que, nas palavras do presidente da Associação Empresarial de Portugal, não tem sido objecto do merecido tratamento diferenciado nas contas da ANA, a empresa que explora os nossos aeroportos.
O que José António Barros explicou, em Serralves, numa das conferências "Portugal com Norte" da TSF e do JN, merece que os presidentes de câmaras da Área Metropolitana do Porto se sentem rapidamente à mesa e exijam uma resposta a esta pergunta simples: "Pode a ANA mostrar-nos a conta de exploração do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, para percebermos em quanto estamos a subsidiar os outros aeroportos?"
In JN
0 comentários:
Enviar um comentário