Estou admirado? Não. Espantado? Não. Surpreendido? Também não. Mas, pelos vistos, muitos estão. O que me espanta é ver alguns admirados.
Ora vamos lá contar uma história. Aliás, os blogues também servem para contar histórias. Era uma vez um país chamado Portugal. Os seus governantes decidiram criar uma coisa chamada “Turismo de Portugal” para fazer aquilo que competia a uma Secretaria de Estado do Turismo. Os governantes desse mesmo país, não satisfeitos, decidiram criar uma espécie de “delegações” desse tal de Turismo de Portugal (TP): o Turismo do Porto e Norte de Portugal, o Turismo do Centro, o Turismo de Lisboa e Vale do Tejo (este não se entende muito bem pois já tinha o Turismo de Portugal por sua conta), o Turismo do Alentejo e o Turismo do Algarve. Sem esquecer o da Madeira e o dos Açores tutelados pelos respectivos governos regionais. Só não criaram o Turismo das Selvagens (olha o Aventar a dar ideias).
Se existia o Turismo de Portugal e se quase todos ou mesmo todos os municípios criaram um Pelouro do Turismo, para quê criar tanto organismo para fazer o mesmo? Simples, porque o Turismo de Portugal ainda era (e continua a ser) mais centralista que o próprio estado central. Não fosse o trabalho das diversas Entidades Regionais de Turismo e a coisa ainda estaria mais negra.
Ora, o Porto, que nesta coisa do centralismo ainda consegue ser mais papista que o papa, não se fez de rogado e mesmo existindo o Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) decide criar uma coisa chamada ATP – Port and The North (Associação de Turismo do Porto) tendo a paternidade de ser atribuída à Câmara Municipal do Porto. Confusos? Não, é Portugal no seu melhor. Os senhores do Turismo de Portugal ao verem esta coisa deliciosa tudo fizeram, pelo menos até 2013 (a partir daí confesso que desconheço por ter deixado de acompanhar a novela), por dividir ainda mais as hostes e assim reinarem. Dividir para reinar, já dizia o outro. Lisboa também tinha (ainda deve ter, claro) uma coisa do género, a ATL, mas por diferentes motivos e com diferentes motivações e sempre a beneficiar e nunca a prejudicar que nestas coisas “eles” de burros não têm nada…
Aqui chegados, vamos a um ponto de situação nesta coisa do Turismo: temos o TP, temos as cinco entidades regionais, temos as duas entidades das ilhas, temos as outras duas AT (do Porto e de Lisboa) e depois temos para cima da centena de Pelouros do Turismo nas autarquias. E estes números de entidades/responsáveis se pecarem é por defeito. E no final o que é que não temos?
Exactamente, caro leitor, não temos um verdadeiro Turismo de Portugal. Nem mesmo fazendo nós, contribuintes, o esforço de pagar o belo salário deste senhor. E a última prova que não temos “Turismo de Portugal” foi dada recentemente com o silêncio ensurdecedor sobre a distinção que o Porto voltou a vencer e, sobretudo, tendo em conta o histórico do mesmo TP no passado quando esteve Lisboa a concurso. Ou quando o Rali de Portugal deixou de ter apoios do TP em 2014. E tantos outros casos similares. Tantos.
E mesmo assim ainda existe malta que se espanta…Valha-me Deus.
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