Há qualquer coisa que me faz duvidar da sinceridade do presidente do Benfica quando diz que talvez fosse campeão se tivesse ficado calado. Acho que se ele acreditasse sinceramente nisso, se acreditasse que o seu barulho prejudica a equipa e que o seu silêncio poderia ajudar a resolver as suas limitações, desequilibrando o campeonato a seu favor, já se teria calado. Pelo menos, era o que qualquer presidente faria em defesa dos interesses do seu clube. Mas não. Continua a falar sempre que pode, repetindo o discurso que lhe vai valendo a unanimidade entre os adeptos encarnados apesar do jejum de títulos que marcou as últimas duas temporadas. E nem sequer é um discurso original. Visto ao perto, não passa de uma imitação. Vale e Azevedo já o tinha utilizado antes e resulta da aplicação de uma fórmula simples: sempre que as coisas correm mal, a culpa é do FC Porto. Seguem-se estrondosos aplausos. No fundo, o discurso parte de uma premissa parcialmente verdadeira: o FC Porto representa uma parte significativa dos problemas do Benfica. Só este fim de semana, e apenas nos escalões jovens, os portistas garantiram mais um título de juniores ao vencerem os encarnados, ficaram mais próximos de um título de iniciados ao golear o Benfica e repetiram a maldade no hóquei em patins. Isto depois de uma temporada marcada por episódios semelhantes no futebol, no hóquei, no andebol e no basquetebol sénior. Não admira que os dirigentes encarnados comecem a equacionar jogar em campeonatos diferentes. E não admira que o discurso procure bodes expiatórios longe de casa. Afinal, se a culpa for do FC Porto, já não morre solteira, pois não?
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