Não é fácil ser adepto do Benfica. E não estou a falar dos resultados desportivos, que este ano até variam entre o óptimo no campeonato e o fracamente mau na Taça de Portugal e na Taça UEFA. Estou a falar na dificuldade que têm para acederem a informação credível sobre o seu clube. Os jornais, as rádios e as televisões tratam os adeptos do Benfica como crianças, frágeis, facilmente impressionáveis e incapazes de lidar com a dura realidade. Usam eufemismos, douram a pílula, exageram nos méritos e relevam os defeitos. E quando já não podem fazer mais nada para ignorar uma realidade que se impõe, evitam falar do presente, refugiando-se na memória de um passado glorioso ou na promessa de um futuro radiante. É por isso que, dias antes do Benfica se despedir da Taça UEFA, puseram Quique Flores a garantir que está obcecado pela Champions e, na semana em que os encarnados disseram Taça de Portugal, puseram Suazo a dizer que só pensa no título. Como se pudesse pensar noutra coisa. São os amanhãs que cantam e que vão embalando os adeptos encarnados até os adormecer há dezenas de anos. Os adversários agradecem.
(*) Jorge Maia, in O JOGO
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