Li ontem as declarações de um dirigente desportivo preocupado com o facto de os jogos do FC Porto não serem apitados por árbitros internacionais, ao contrário do que acontece com os jogos do Benfica e do Sporting. Deduzi, como é evidente, que se tratava de um dirigente do FC Porto, mas não. Era Sílvio Cervan quem assim protestava contra o facto de o líder isolado do campeonato - e principal candidato à sua própria sucessão como campeão nacional - ver os seus jogos recorrentemente apitados por árbitros que não são internacionais e, por isso mesmo, são menos categorizados e menos capazes de lidar com a pressão de quem lhes lembra todos os dias que são suspeitos à partida quando apitam jogos do FC Porto. Curiosamente, o mesmo dirigente benfiquista, que ontem garantiu aos sete ventos não ser parvo e ter toda a vontade de respeitar as regras do bom senso, não se insurgiu contra o facto de o último clássico da Luz ter sido apitado por Pedro Proença, um árbitro de Lisboa, benfiquista desde pequenino. Sílvio Cervan, perspicaz como é, não viu na filiação clubística de Pedro Proença, nem na sua proximidade em relação a um dos dois adversários em confronto, qualquer ofensa às regras do bom senso, o que só prova que, de facto, não é parvo nenhum. Curiosamente, nas últimas duas jornadas do campeonato, o Benfica conseguiu arrancar dois empates na sequência de dois lances em que foi beneficiado pelos árbitros. Um golo em fora-de-jogo contra o FC Porto e uma grande penalidade inventada por Simão Sabrosa contra o Beira-Mar. Mas, pelos vistos, já não chega aos responsáveis encarnados serem beneficiados nos jogos em que o Benfica participa. É natural. Não tem chegado para ganhar. O objectivo, agora, é pressionar os árbitros dos outros. Claramente, Sílvio Cervan não é parvo nenhum, mas não se importa nada de o parecer.
0 comentários:
Enviar um comentário