Dizia Miguel Sousa Tavares, na sua lança semanal no lisboeta e inimigo jornal A Bola, que "este Porto merece os quartos". Dizia também que "uma equipa que tem três ou quatro foras-de-série e sete ou oito grandes jogadores no total, tem de ter lugar entre as oito melhores da Europa. O Schalke não tem nada disso. Tem pior equipa e muito menos futebol que o FC Porto. É preciso não dar hipóteses ao azar, à descrença ou às circunstâncias imprevistas".
Conforme ficou provado, desde a Alemanha, os germânicos não são grande coisa em termos de futebol espectáculo. São um grande muro, isso sim. Ontem, por exemplo, mesmo com mais um jogador, limitaram-se a defender e nem sequer um contra-ataque de jeito. E se reperaram, não conseguiram mais de 3 passes seguidos, o resto foi um deserto. Nos dois jogos apenas duas coisas os distinguiu, para melhor, do Porto: tiveram sorte e tiveram um guarda-redes em noite sim. No restante o FC Porto foi muito melhor, mais vontade, mais suor, mais dinâmica, mais hipóteses de golo, mas muito menos sorte. Como Sousa Tavares, eu também acho que esta equipa podia passar mais uma eliminatória. Penso que a equipa actual é muito boa, mas ainda lhe falta qualquer coisa para atingir, por exemplo uma final europeia nas Champions (na Uefa, será mais fácil...). E o que lhe falta é o tal instinto matador. Sabemos que neste tipo de competições, poderá ocorrer apenas uma oportunidade por jogo (e o Porto, nesta eliminatória, teve várias), e essa oportunidade não pode ser desperdiçada. E os jogadores do Porto desperdiçaram-na(s). Foram uns heróis em entrega e esforço, mas não foram suficientemente competentes. Irritei-me com Quaresma; é um belíssimo jogador, acima da média. Será um génio em certas alturas, mas em determinados momentos, nos tais que em não pode haver erro, falha. E ontem falhou (tal como Tarik) um golo feito já no prolongamento. É aí que, ao contrário de muitos, penso que ele será apenas um Grande Jogador, mas jamais um fora-de-série, por exemplo como C.Ronaldo, que faz a diferença na hora em que ela é necessária...
Enfim, fiquei profundamente angustiado pela oportunidade perdida, pelo sentimento de ser afastado por uma equipa perfeitamente ao alcance, pela impossibilidade do encaixe de, pelo menos, 4 milhões de euros para os cofres do clube... Todavia, ao contrário de outros adversários internos, sei também que isto é um até já, pois para o ano lá estaremos e, com a experiência adquirida, será certamente melhor. Deus nos ajude, pois engenho e arte não faltam, basta portanto esperar e acrescentar um pouco de sorte na hora do pontapé final (coisa que sabemos ser rara para os lados do Porto - geralmente as vitórias não nos surgem com essa etiqueta e aos trambolhões ... do céu).