Mário Luís – Após ter posto fim a um jejum de 19 anos, com a conquista do campeonato de 1977/78, o FC Porto também se apurou para a final da Taça de Portugal. O outro finalista era o Sporting e, claro, a final ia realizar-se no “muito neutral” estádio de Oeiras. Naquele tempo, o “mau da fita” ainda não era Pinto da Costa, mas sim José Maria Pedroto que, sem medo, comentava: “É tempo de acabar com a centralização de todos os poderes na capital”.
A final foi um jogo muito quente, com uma arbitragem escandalosa, e ficou marcada por um penalty polémico, favorável ao Sporting, que foi convertido por Menezes. Tendo o jogo terminado empatado (1-1), foi necessário disputar-se uma finalíssima, no dia 24 de Junho de 1978, arbitrada pelo senhor Mário Luís de Santarém.
Com uma arbitragem idêntica ao que era (é!) habitual nos jogos em Lisboa contra o Sporting, e que validou um golo irregular à equipa leonina, o FC Porto perdeu por 1-2, provocando a natural indignação dos seus jogadores, treinador e dirigentes. No final do jogo, Seninho, o autor do golo portista, diria o seguinte: “O árbitro entregou a Taça ao Sporting”.
Mas o mais escandaloso estava ainda para vir. Menos de 48 horas depois da finalíssima, o Sporting partiu para uma digressão à China. Qual não foi o espanto quando se constatou que integrados na comitiva sportinguista, e vestidos com um fato à medida igual ao dos restantes elementos, iam dois... árbitros!
Dois árbitros?
Sim, o senhor Porém Luís de Leiria e, nada mais nada menos, que Mário Luís, o árbitro da finalíssima, a partir daí conhecido como o “chinês”.
Evidentemente, esta situação foi devidamente esclarecida pelos envolvidos – Sporting e árbitros – por forma a evitar mal entendidos... Talvez por isso, não houve inquéritos da FPF, nem investigações da PJ e muitos menos punições para os árbitros envolvidos, que continuaram a “passear a sua classe” pelos relvados portugueses.
Cerca de dois anos depois, na época 1979/80, o FC Porto disputava taco-a-taco o campeonato com o Sporting e a quatro jornadas do fim recebia os leões nas Antas. Dada a sua importância decisiva, foi nomeado um trio "de luxo" para dirigir o jogo: António Garrido a árbitro principal e outros dois árbitros desempenhando as funções de fiscal-de-linha, um dos quais era...o “chinês”!
Bons tempos em que não havia “sistema”...