Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

O autismo do Poder face ao Norte (*)

(*) José Silva Peneda - Eurodeputado

O Norte de Portugal passou, em poucos anos, de uma das regiões mais industrializadas da Europa para uma das mais pobres, atrás da Galiza e até mesmo da mais pobre das regiões espanholas, a Estremadura.
Hoje o Norte só é comparável com as regiões que pertencem aos países recém-entrados na União Europeia, mas com uma diferença. Enquanto o Norte nos últimos anos não tem sido capaz de crescer nem de criar empregos, essas outras regiões estão a crescer a um grande ritmo, o que significa que, a manter-se esta tendência e com o andar dos anos, acabarão por ultrapassar-nos.
A globalização tem sido muito madrasta para este Norte. O número de empresas que têm encerrado e os números de desempregados aí estão, com toda a crueldade, a mostrar essa evidência. Isto acontece porque o Norte não vive em mercado protegido, ao contrário de Lisboa, onde estão concentrados todos os serviços públicos, financeiros, seguros, tudo actividades que nada sofreram com o fenómeno da globalização, pois os clientes estão lá e não param de crescer. No Norte, onde o mercado não é protegido, há que seduzir e conquistar clientes, não basta estar à espera de que eles surjam. Este é o real significado da globalização que tornou para o Norte as coisas mais difíceis.
Perante este quadro, não se entende a passividade do Poder para com uma região que sofre de uma situação de tal modo grave que justifica a adopção de medidas excepcionais, através de um grande e ambicioso programa de emergência, que já deveria estar em marcha.
Uma correcta estratégia de crescimento para o Norte, onde vive um terço dos residentes em Portugal, é essencial para que o país possa apresentar melhores indicadores em termos económicos e sociais. O problema do Norte, pelas suas natureza e dimensão, não pode ser visto como uma questão regional. O problema do Norte é verdadeiramente uma questão nacional, porque se o Norte recuperar será o país, como um todo, que estará melhor.
Mas os factos mostram que há uma enorme insensibilidade política e social por parte do poder político face ao Norte e aos nortenhos.
Por exemplo, é chocante verificar que, dos grandes investimentos públicos a submeter a Bruxelas até 2013, listados na página 102 do Programa Operacional Temático Valorização do Território do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) e que totalizam um investimento de mais de 13 mil milhões de euros, ao Norte caberá apenas 4,6% desse montante, cerca de 600 milhões de euros, que serão distribuídos por três projectos, IP4 Vila Real/Quintanilha, plataforma logística de Leixões e IC 35 - Penafiel/Entre-os-Rios! São estes e só estes os três grandes projectos públicos que vão realizar-se no Norte nos próximos sete anos!