Incomoda-me a violência doméstica. Não percebo porque se chega a um ponto de uma relação em que a agressão passa a valer para fazer prevalecer a razão (entretanto perdida). Falar é fácil, mas até por experiência (dolorosa) própria, quando não dá mais, a porta da rua é serventia da casa. Evita-se muita coisa.
A 25 de Novembro comemora-se o Dia Internacional de Luta Contra a Violência à Mulher. Nem de propósito, no edifício onde vivo, escutei, vindo de algures, uma violenta discussão entre um casal. Para além dos soluços da mulher, pelo meio os gritos angustiantes de uma criança: "parem, parem, parem". O choro de medo e pânico surgiu logo depois. Sinceramente fiquei imensamente incomodado e preocupado. Não sabia sequer de onde vinha o desacato, e mesmo que o soubesse não saberia o que fazer. No meio disto não me saía da cabeça o sofrimento da criança.
Felizmente o meu divórcio foi extraordinariamente pacífico, doloroso mas deferente com a falência da relação, por isso a minha filha não teve que assistir a altercações e falta de respeito. Tentamos, dentro da nossa sabedoria, manter uma atitude que evitasse, a qualquer custo, avolumar o sofrimento da criança.
É no silêncio que se cometem os maiores crimes, no silêncio das vitimas, no silêncio cuja raiz é o medo, qual um grito mudo de lágrimas que chegam ao coração, silencio que deforma a sociedade, a humanidade e a esperança.
1 comentários:
Concordo plenamente.
Toda o tipo de violência doméstica me incomoda, mas contra a mulher sinceramente ...
E quando há filhos? Mais sofrimento.
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