Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

O supremo anestesista da nação

Marcelo Rebelo de Sousa celebrou, por estes dias de Março, dois anos de mandato, com níveis invejáveis de popularidade. Mas, não tendo resultado dessa atividade nada de significativamente positivo para o quotidiano dos cidadãos, toda esta popularidade é um desperdício.
O presidente comenta todos os assuntos, importantes ou banais. Desta forma, transforma os assuntos banais em relevantes e vice-versa. Os temas de facto importantes ficam diluídos na voracidade noticiosa. Assim, temas como a limpeza das florestas, ou o excesso de IVA na eletricidade (23%), podem ser preteridos, em termos políticos e noticiosos, pela inauguração duma exposição de um pintor local de Cascais, tão-só porque o artista convenceu Marcelo a marcar presença no evento. E assim, a falta de manutenção de pontes e vias-férreas ou o desvio de centenas de milhões de fundos públicos da Misericórdia para o Montepio - todas estas situações calamitosas ficam reduzidas à condição de episódios quotidianos com efémera vida mediática.
Marcelo, para além da condição de comentador permanente, assume ainda a condição de juiz que a todos absolve. Quando os cidadãos se revoltam porque morrem, estupidamente, mais de cem pessoas em incêndios evitáveis, Marcelo anuncia que "foi feito tudo o que se podia", abraça e consola as famílias das vítimas, apelando à solidariedade dos portugueses. Assim, anestesia a opinião pública, previne quaisquer reivindicações de justiça, evita tumultos e desculpa os verdadeiros responsáveis pelas tragédias. Se roubam armas no paiol de Tancos, Marcelo anuncia, mais uma vez, que "se fez tudo o que se podia", prevenindo críticas mais ferozes.
Quando veta - e bem - a lei de financiamento partidário que permite transformar partidos em máquinas de lavar dinheiro, Marcelo é contrariado pelos partidos e, incompreensivelmente, cede. Pior, é ele próprio quem vem depois justificar a lei que havia vetado. Esta atitude do presidente - que tudo desculpabiliza a um Estado de que é primeiro responsável - coloca-o na posição de anestesista-mor da sociedade.
Apesar de tudo, Marcelo vê aumentar a sua popularidade, graças à sua hiperexposição televisiva. Talvez assim continue, enquanto os portugueses preferirem políticos que os consolem na desgraça, que assumem como uma qualquer fatalidade; em vez de escolherem representantes que de facto lhes resolvam os problemas.
PAULO MORAIS, Preseidente da Frente Cívica

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