"E Deus que aqui nos trouxe, alguma razão tinha para isto..." escreveria Pero Vaz de Caminha sobre as praias ensolaradas, florestas de madeira rara, onde os pássaros de plumas brilhantes e coloridas voavam até desaparecerem no infinito.
Foi no dia 22 de Abril de 1500, que a frota de Pedro Álvares Cabral ancorou nesse paraíso que denominou Terra de Vera Cruz. Encontraram grupos indígenas que viviam da caça, da pesca e de uma agricultura muito rudimentar: os Tupis, ao longo do litoral e os Gés, os Cairis, os Aruaquis e os Caraíbas ocupavam o interior.
Pedro Álvares Cabral:
1467(?): Nasce, talvez em Belmonte. Filho segundo do fidalgo Fernão Cabral. - Datas incertas: Por serviços vários de natureza militar é agraciado com tença por D. João II. Casa com D. Isabel de Castro, sobrinha de Afonso de Albuquerque. - 1500: Segunda expedição portuguesa à Índia: armada de 13 navios, com 1500 homens. D. Manuel I entrega o comando a Pedro Álvares Cabral. Este larga de Lisboa a 9 de Março. Descobre as Terras de Vera Cruz (Brasil) em 22 de Abril. Naufrágios de quatro naus mas chega a Calecute a 13 de Setembro. Não consegue a submissão do Samorim - 1501: Regressa ao Reino apenas com 5 navios, embora transportando avultada carga de especiarias. - 1502: Recusa comandar outra expedição à Índia. - 1509: Afastado do Paço, vive nas suas propriedades de Santarém. - 1515: Finalmente é-lhe atribuída tença como prémio pela sua descoberta do Brasil que começa a ser colonizado. - 1518: Nova tença, pelo mesmo motivo. - 1520 (?): Morre em Santarém.
Descoberta de Vera Cruz
21 de Abril, 3ª feira. A Páscoa foi no domingo passado. Nas ondas surgem ervas compridas. Próxima já ficará a terra aventada por El-rei.
22 de Abril. De manhã surgem bandos de pássaros a voar para ocidente. Vasco da Gama também dera conta deles. A meio da tarde, muito ao longe, avistam terra: um monte redondo e alto, muito arvoredo na terra chã. Ao monte, o Capitão-mor chama Pascoal e à terra dá o nome de Vera Cruz. Anoitece e resolve ancorar a seis léguas da costa.
23 de Abril. Avançam até meia légua da terra, direitos à boca de um rio. Sete ou oito homens pela praia. Cabral manda Nicolau Coelho a terra. Quando vara o seu batel, já correm para ele cerca de vinte homens pardos. Todos nus, sem nada que cubra as suas vergonhas. Setas armadas, cordas tensas, chegam dispostos ao combate. Mas Nicolau Coelho, por gestos, faz sinal que pousem os arcos em terra e eles os pousam.
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