José Manuel Ribeiro, in O Jogo:
1. Hoje quero pedir desculpa. Ou melhor, não quero pedir desculpa; quero desdizer-me. Esqueçam aquelas referências aos sapos que o Adriaanse nos forçou a engolir e as menções a quem mudou a opinião do dia para a noite. Anulem. Se quiserem ser simpáticos, façam hipnose. É que não há cretino que se tenha esquecido de fazer o mesmo, nem de se dar ares de uma perspicácia com direito a retroactivos que eu não subscrevo. Não estou nesse barco, não tive essa intenção, não quero ser confundido com esses palermas. Entretanto, dou o braço direito a torcer, mas o esquerdo fica onde está. Defendi em tempos que o treinador do FC Porto desequilibrava a equipa, à conta das belas noções do espectáculo e do ataque. Tanto quanto posso saber, ele não me convenceu de que estava enganado: emendou-se. Depois veio o sistema e foi péssimo das duas primeiras vezes. A terceira, contra o Braga, correu muito bem. Quem quis, emendou-se também nessa altura.
2. O certo é que Adriaanse voltou ao espectáculo. No discurso e até no jogo de anteontem que, por coincidência, teve um FC Porto hiperactivo muito parecido com o do início da época. No que o holandês disse, durante a exposição que fez ao congresso do ISMAI, encontro uma verdade sólida: só falamos de árbitros. Depois de ter encontrado no futebol português quarenta milhões de defeitos, todos eles relacionados com o FC Porto e com a arbitragem, um dos cretinos a que me referi lá atrás também constatou num canal informativo que Adriaanse tinha razão. Fala-se de árbitros e promove-se a guerra, a hostilidade, a inimizade, dizia ele, o mesmo fulano que, apenas uns minutos antes, tinha descrito o campeão nacional como uma coisa repugnante, corrupta e indubitavelmente odiosa. Mas odiosa de uma forma simpática, valha-nos isso.
0 comentários:
Enviar um comentário