Os salários de miséria que os trabalhadores portugueses recebem não lhes permitem a vida digna que merecem, apenas garantem uma sobrevivência difícil. Mas, no entanto, as empresas gastam com o factor trabalho enormes recursos que nunca chegam aos destinatários, os seus colaboradores. Para onde vai o diferencial? Para um Estado sanguessuga, que prejudica empresários e trabalhadores e ainda coloca, de forma perversa, uns contra os outros.
Com o actual sistema contributivo e fiscal, um trabalhador que ganhe mil euros (bem mais do que o salário médio, que é inferior a 900 euros), custa à sua entidade patronal mais 23,75% de taxa social única, a que se vem juntar 1% de seguro, ou seja, perfazendo um total mensal de 1248 euros. Se nos lembrarmos ainda que o trabalhador recebe 14 meses e que trabalha apenas 11, tendo ainda de ser substituído no seu mês de férias, este valor deve ser ponderado e já vamos em 1702 euros mensais de encargos - isto para um salário bruto de mil euros. A estes custos, há ainda que juntar os que são relativos à medicina no trabalho, formação e outras regalias sociais.
E, no entanto, dos "seus" mil euros de salário, o trabalhador tem ainda de descontar 11% para a Segurança Social, para além duma taxa aproximada de 10% de IRS; ou seja, recebe líquido cerca de 790 euros. Afinal, e feitas as contas, o trabalhador recebe muito menos de metade do que a empresa gasta com ele em termos laborais. E este cenário é ainda mais grave para salários mais elevados.
Neste contexto, os patrões queixam-se de que pagam muito e os trabalhadores lamentam-se por receber pouco. E o problema é que ambos têm razão.
É claro que os impostos continuarão altos e igualmente baixos se manterão os salários, enquanto empresários e trabalhadores não perceberem que, em vez de se combaterem mutuamente, devem unir-se para derrotar o verdadeiro inimigo de todos: um Estado iníquo, que consome os recursos de produção e trabalho, espoliando todos quantos trabalham e os poucos que ainda empreendem.
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