Com o apoio estratégico da NATO os rebeldes líbios, condenados à derrota logo à partida, tendo inclusive havido a possibilidade de um cessar-fogo em Abril deste ano, iniciaram na passada semana a conquista de Tripoli.
Enquanto escrevo estas linhas ainda combatem ferozmente o golpe de Estado milhares de forças fiéis a Khadafi, auxiliados por cidadãos partidários do regime, algo que não se testemunhou no Iraque. A esperança é a última a morrer, mas creio ser quase certo darmos como encerrado o período de Khadafi e da sua revolução social na Líbia, o que demonstra uma alteração estratégica na função da NATO: esta já pode intervir onde quiser e forçar mudanças de regime, algo que, na teoria, vai contra os seus princípios fundacionais.
Infelizmente poucos parecem aperceber-se do preço que a Europa terá que pagar pela derrota de Khadafi. Todos os anos o “irmão líder” efectuava uma digressão europeia na qual era recebido pelos principais líderes europeus, estes, a troco de uma hipócrita política do tampão, ofertavam-lhe vários milhões de euros para que este protegesse o flanco sul da ex-Fortaleza Europa: Khadafi era a ‘nossa’ linha da frente, a Líbia revolucionária patrulhava piamente as suas fronteiras e o seu mar para se certificar que dezenas de milhar (centenas de milhar, dizem alguns) de imigrantes não chegassem à Europa…
Foi meticuloso o modo como foi pensada a morte da Líbia: primeiro faz-se com que Khadafi abdique do fabrico de armas de destruição massiva, o mesmo, para demonstrar a sua boa fé para com o Ocidente, encerra as fábricas e elimina os arsenais… depois, outro sinal de boa fé, assume as culpas de um atentado pelo qual não era responsável… é então que, num esquema aparentemente pensado ao longo de vários anos, um Khadafi desarmado e convicto da firmeza da sua aliança com o Ocidente, é apanhado de surpresa pela horrenda traição ocidental: caem bombas ocidentais em Tripoli… o Ocidente apoia a Al Qaeda líbia… o Ocidente trai os amigos… a Europa odeia-se e quer morrer, está numa morte lenta e decrépita e há que apressar, acabar logo com a agonia!
Querem melhor do que bombardear e mandar abaixo o muro, o último muro, o que ainda nos protegia do grosso das bárbaras hordas do Sul? Tripoli arde, e com ela arde a última defesa da Europa…
O Diabo
30 de Agosto, 2011.
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