Há um ano que se aperceberam, mas ninguém fez nada para evitar. O que é de lamentar é que as nossas escolas continuem a permitir que estas situações aconteçam, só "para não se meterem em conversas de rapazes", só "para não arranjarem chatices".
A vida do Rafael resume-se agora a isto, meia dúzia de linhas num jornal sensacionalista. Mas antes, houve muitos dias, muitas alegrias e tristezas, muitas esperanças e projectos para o futuro. O Rafael não era apenas um "miúdo de 10 anos". Na realidade, faria 12 anos em Novembro e era o leitor número 6597 desta Biblioteca. Passou muitas das suas horas livres no Pólo de Santo Amador, uma aldeia que hoje está de luto e chora a morte de um dos seus meninos.
Como muitas outras, a família do Rafael deixou o Alentejo e foi à procura de uma vida melhor na "civilização". E essa civilização deu-lhe um bando de miúdos egoístas e mal formados que o magoaram até à exaustão sem que ninguém mexesse um dedo para o defender, para o ajudar.
Infelizmente, o sistema não tem consciência, e limita-se a lamentar, "sinceramente".
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