O dou.pt faz a ponte entre quem se quer desfazer de um bem e quem o pretende receber (DR)
Chama-se dou.pt - Portal de Doações e pretende revolucionar a forma como os bens circulam em sociedade. Uma mesma plataforma online para unir quem já não quer a quem ainda precisa. O projecto será apresentado oficialmente na Gulbenkian a 31 de Outubro, Dia Mundial da Poupança.
O conceito é muito simples. Na própria definição dos criadores do projecto, a lógica é esta: o dou.pt é uma “plataforma nacional para a reutilização de bens, que faz a ponte entre quem se quer desfazer de um bem e quem o pretende receber”.
Pedro, um dos membros da equipa do projecto e que prefere o trato pelo nome próprio, explicou ao PÚBLICO que a ideia surgiu quando o computador do seu pai avariou, ao final de quatro anos. Percebeu-se então que bastaria arranjar uma placa gráfica nova e o PC poderia continuar a funcionar. Mas uma placa nova custava 70 euros - “o equivalente a comprar umas jantes de um Ferrari para um Fiat”, graceja o criador.
"Com tantos computadores por todo o lado achei que era impossível que não houvesse alguém que me pudesse dar uma placa gráfica, o problema era saber quem. Encontrei um site chamado Freecycle que se propunha a fazer essa ponte, mas funcionava muito mal, estava fragmentado em 15 grupos estanques, no total não tinha nem 8000 utilizadores e ainda por cima era quase só mensagens a pedir coisas, e as que eram a dar nenhuma delas era uma placa gráfica."
Sem boa solução à vista, Pedro Saraiva foi perguntando aos seus amigos se alguém teria uma placa usada que pudesse vender e, finalmente, após três meses de perguntas, conseguiu que um amigo de um amigo lhe doasse uma placa que tinha guardada em casa e que já não usava. “Foi a primeira doação! Mas acho que gastei tanto em telemóvel como numa placa nova... tinha de haver um método melhor de operacionalizar este tipo de oferta e procura”.
“Todos já tivemos objectos que a dada altura perderam o seu encanto. Alguns de nós tentam colocar esses bens no mercado de usados, mas muitos são arrumados e esquecidos para, eventualmente, serem deitados fora. É nessa altura que pensamos: ‘isto de certeza que dava jeito a alguém’. Mas como poderia um indivíduo ter conhecimento desses hipotéticos interessados?”. A resposta surge agora, com o dou.pt.
Este projecto é a criação de “um grupo de amigos, todos entre os 25 e 35 anos, a trabalhar no projecto em regime de voluntariado, comohobby”, explica Pedro.
A quem poderá interessar o dou.pt? Virtualmente a qualquer pessoa, queira doar ou receber. Imagine que tem um mono lá em casa - um frigorífico ou uma máquina de lavar, por exemplo - e que se vai mudar para uma casa nova que já tem tudo isso. Talvez seja difícil vender esse mono, porque já lhe deu muitos anos de uso, mas será certamente fácil encontrar alguém que precise mesmo desse electrodoméstico e que ainda lhe possa dar mais uns anos de vida.
Por outro lado, imagine que quer comprar uma mesa e quatro cadeiras e que não tem dinheiro para isso. Basta ir ao dou.pt e poderá encontrar alguém que se queira desfazer de semelhante conjunto. É o equivalente online ao antigo método de pôr as mobílias velhas à porta de casa, à disposição dos transeuntes.
"Queríamos criar um serviço que resolvesse este problema de vez e graças ao Freecycle tínhamos uma noção clara do que é que tinha de ser melhorado. No dou.pt todos os artigos vão estar georeferenciados e categorizados permitindo que o serviço seja tanto nacional como fácil de consultar, já que cada utilizador verá os seus resultados de pesquisa ordenados por proximidade geográfica, podendo ser apurados por qualquer zona, raio e categoria à escolha. Vamos também permitir que as transacções sejam cotadas pelos participantes para evidenciar as boas práticas e vamos integrar o Facebook no serviço destacando os artigos e utilizadores que pertençam ao círculo social dos utilizadores. Há ainda muitas outras pequenas melhorias que vão tornar o processo tanto seguro como rápido, intuitivo e divertido".
O projecto prevê ainda que todos os objectos que não encontrem novos donos possam ser reciclados de forma sustentável.
0 comentários:
Enviar um comentário