O general romano Stilicho de ascendência germânica (vândalo) derrota Alarico na batalha de Pollentia.
Stilicho era o general de Theodosius I , cuja sobrinha casou. Pela ordem de Theodosius, serviu após a morte deste (395) como o regente para Honorius no oeste. Em 395 foi chamado de Itália para defender o império oriental contra os Visigodos sob Alarico I ; mas depois de chegadar à Grécia retirou-se sem lutar, debaixo das ordens de Arcadius , que foi influenciado pelo seu inimigo e rival, Rufinus . Em 397 retornou e perseguiu Alarico pelas montanhas mas permitiu que ele se escapasse. A sua posição era forte devido à união da sua filha a Honorius. Foi responsável pelo fim de uma revolta (397) em África. Subseqüentemente fêz campanha na Rhaetia de encontro os vandalos e outros barbaros (401/2), a lutou contra Alarico em Pollentia (402) e em Verona (403), e esmagou Radagaisus perto de Fiesole (405). Em 408, Honorius, influenciado pelo seu favorito ambicioso, prendeu Stilicho e executou-o por traição. Stilicho não resistiu, embora tivesse poder para o fazer. O boato acusava-o de planear o assassinato de Rufinus, para tornar o seu filho emperor, fazer acordos secretos com Alarico, e de convidar (406) os barbaros na Gaulia; mas nunca houve provas disso. Stilicho é bem considerado nos versos do poeta Claudian .
Depois do abalo provocado pelas invasões dos povos chamados bárbaros pelos romanos, as tradições dos godos fundiram-se progressivamente com a cultura e as instituições políticas do Império Romano do Ocidente e passaram a integrar o legado cultural da Europa medieval. Os godos eram um povo germânico originário das regiões meridionais da Escandinávia. Segundo sua própria lenda, relatada pelo historiador godo Jordanes em meados do século VI a.C., os godos, sob o comando do rei Berig, chegaram em três barcos ao sul do mar Báltico, onde se instalaram após derrotar os vândalos e outros povos germânicos. O historiador romano Tacitus registra que, nessa época, os godos se distinguiam por usarem escudos redondos e espadas curtas e obedecerem fielmente a seus reis. O povo godo abandonou a região do rio Vístula, que corresponde à atual Polônia, durante o reinado de Filimer, na segunda metade do século II, e chegou ao mar Negro após muitas aventuras. Foi possivelmente a pressão dos godos que obrigou outros povos germânicos a exercerem, por sua vez, uma forte pressão na fronteira do Danúbio com o Império Romano, na época do imperador Marcus Aurelius. Durante o século III, foram muitas as incursões godas nas províncias romanas da Anatólia e da península balcânica: eles saquearam as costas asiáticas, destruíram o templo de Éfeso, chegaram a penetrar em Atenas e avançaram sobre Rodes e Creta.
Durante o regime de Aurelianus (270-275), obrigaram os romanos a se retirar da província da Dácia, no outro lado do Danúbio. Os godos que viviam entre os rios Danúbio e Dniester receberam o nome de visigodos. Os do outro ramo, que no século IV se haviam estabelecido na área que viria a ser a Ucrânia, foram denominados ostrogodos, nome que, segundo parece, significa "godos do leste". Ostrogodos. O reino ostrogodo, que se estendia do mar Negro até o Báltico, alcançou o poderio máximo com Ermanarico, mas foi dominado pelos Hunos por volta do ano 370. Após o colapso do império huno em 455, dois anos depois da morte de seu chefe Átila, os ostrogodos penetraram na Panônia (Danúbio central) e dirigiram-se para a Itália, onde o imperador Romulus Augustus havia sido derrotado (476) por Odoacro, chefe dos hérulos. Em 493, o rei ostrogodo Teodorico I o Grande derrotou Odoacro e governou a Itália até a morte, em 526. Teodorico foi um governante hábil, que soube conservar o equilíbrio entre as instituições imperiais e as tradições bárbaras. Homem culto, educado na corte de Constantinopla, conseguiu ganhar a simpatia da aristocracia romana, cujos privilégios anteriores respeitou, e do povo, que assistia satisfeito à realização de obras públicas para a reconstrução e modernização de Roma.
Ao que parece, Teodorico alimentava o projeto de fundar um império godo que impusesse seu domínio sobre o resto do mundo bárbaro. Para isso, manteve contato com outras tribos godas e estabeleceu vínculos familiares com os francos, os vândalos e os burgúndios. Sua morte criou um intrincado problema de sucessão, fato de que se valeu o imperador Bizantino Justiniano para intervir na Itália. O exército romano oriental, sob o comando de Belisário, derrotou completamente os ostrogodos, dirigidos por seu novo rei Totila, cujo nome original era Baduila. Os sobreviventes se dispersaram ou foram reduzidos à escravidão. O "povo valente", possível significado do nome visigodos, conquistou no século III a Dácia, província romana situada na Europa centro-oriental. No século IV, ante a ameaça dos hunos, o imperador Valens concedeu refúgio aos visigodos ao sul do Danúbio, mas a arbitrariedade dos funcionários romanos os levou à revolta. Penetraram nos Balcãs e, em 378, esmagaram o exército do imperador Valente nas proximidades da cidade de Adrianópolis. Quatro anos depois, o imperador Theodosius I o Grande conseguiu estabelecê-los nos confins da Mésia, província situada ao norte da península balcânica.
Tornou-os federados do império e deu-lhes posição proeminente na defesa. Os visigodos prestaram uma ajuda eficaz a Roma até 395, quando começaram a mudar-se para oeste. Em 401, chefiados por Alarico I, que rompera com os romanos, entraram na Itália e invadiram a planície do Pó, mas foram repelidos. Em 408 atacaram pela segunda vez e chegaram às portas de Roma, que foi tomada e saqueada em 410. Nos anos seguintes, o rei Ataulfo estabeleceu-se com seu povo no sul da Gália e na Hispânia e, em 418, firmou com o imperador Constantius III um tratado pelo qual os visigodos se fixavam como federados na província de Aquitania Secunda, na Gália. A monarquia visigoda consolidou-se com Teodorico I, que enfrentou os hunos de Átila na batalha dos Campos Catalâunicos. Em 475, Eurico declarou-se monarca independente do reino visigodo de Tolosa (Toulouse), que incluía a maior parte das Gálias e a Espanha. Seu reinado foi extremamente benéfico para o povo visigodo: além da obra política e militar, Eurico cumpriu uma monumental tarefa legislativa ao reunir as leis dos visigodos, pela primeira vez, no Código de Eurico, conservado num palimpsesto em Paris. Seu filho Alarico II codificou, em 506, o direito de seus súditos romanos, na Lex romana visigothorum, mas carecia dos dotes políticos do pai e perdeu quase todos os domínios da Gália em 507, quando foi derrotado e morto pelos francos de Clóvis, na batalha de Vouillé, perto de Poitiers. Desmoronou então o reino de Tolosa e os visigodos foram obrigados a transferir-se para a Espanha.
O reino visigodo na Espanha esteva inicialmente sob o domínio dos ostrogodos da Itália, mas logo tornou-se independente. Para conquistar o domínio da península ibérica, os visigodos enfrentaram suevos, alanos e vândalos, povos bárbaros que haviam ocupado o país antes de sua chegada. A unificação quase se concretizou durante o reinado de Leovigildo, mas ficou comprometida pelo problema religioso: os visigodos professavam o arianismo e os hispano-romanos eram católicos. O próprio filho de Leovigildo, Hermenegildo, chegou a sublevar-se contra o pai depois de converter-se à religião católica. Mas esse obstáculo para a fusão com os hispano-romanos se resolveu em 589, ano em que o rei Recaredo proclamou o catolicismo religião oficial da Espanha visigótica. A monarquia visigoda foi destruída em 711 pela invasão muçulmana procedente do norte da África. Os visigodos, mais civilizados que outras tribos germânicas em virtude de seu longo contato com Roma, criaram formas artísticas originais, como o arco de ferradura e a planta cruciforme das igrejas, e realizaram um importante trabalho de compilação cultural e jurídica. Figuras como santo Isidoro de Sevilha, ou obras jurídicas como o Código de Eurico, a Lex romana visigothorum e o Liber judiciorum, código visigótico que forneceu as bases da estrutura jurídica medieval na Espanha, expressam o grau de desenvolvimento cultural que o reino visigodo alcançou.
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