Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Os Aguadeiros do Porto


«Os velhos e característicos usos da cidade do Porto, tão do agrado dos portuenses de outrora, foram desaparecendo pouco a pouco e ficaram apenas, às pessoas de meia idade para cima, gratas recordações deles.

Com que saudade relembro os aguadeiros, esses honrados e humildes cidadãos de Tuy, Porrinhos, Redondela, Orense e Verin!
(...)
Não se pode negar que os aguadeiros galegos, em tempos idos prestaram óptimos serviços aos habitantes da cidade da Virgem, pois todo o cidadão, rico ou pobre, que quisesse água para o consumo doméstico, tinha de a ir buscar às fontes ou aos chafarizes mais próximos da sua residência.
Para a gente fidalga do burgo tripeirinho era muito mais cómodo - a troco de meia dúzia de vinténs por mês -, ter alguém que lhe levasse a água todos os dias a casa.
(...)

(Arquivo de imagens do SMAS do Porto)

A água era transportada em interessantes canecos, com um metro de comprido aproximadamente, de aduelas de madeira envolvidas em arcos de ferro, e tinham a parte inferior mais larga que a superior. E, para melhor conduzirem, depois de cheios, tão pesados canecos, prendiam ao ombro esquerdo um pedaço de couro, onde os ditos assentavam.
Os aguadeiros do Porto tornaram-se umas figuras emblemáticas, pelo motivo dos trajes que usavam: chapéu largo desabado ou boina, jaqueta ou blusa, calça de bombazina, botas mal feitas e pesadas ou enormes sapatos, quase redondos, suíças, e, em vez destas, uma farta bigodeira enfeitava-lhes o rosto. Estavam matriculados na Câmara Municipal e traziam sobre o peito uma pequena chapa de metal amarelo com o número de matrícula estampado.
(...)
Porém, os melhoramentos citadinos fizeram desaparecer os aguadeiros e os seus canecos, para serem substituídos pela Companhia das Águas, que passou a vender a água que era dos portuenses.»


(Manuel Pedro - "O Tripeiro", Julho de 1948)


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