Sindicatos da Suíça querem salário mínimo de 3315 euros
Há dois anos, 26 pessoas reclamaram a “protecção de salários justos” na Suíça. Agora, são mais de 111 mil a pedirem que seja introduzido um salário mínimo nacional. Os sindicatos propõem 4000 francos (3315 euros) por mês, limiar com o qual dizem ser possível viver com dignidade no país.
A União Sindical Suíça (USS) está a recolher assinaturas para que a Constituição seja modificada e passe a incluir um ponto a favor da protecção dos “trabalhadores no mercado de trabalho”. Caberia à confederação helvética e aos cantões da Suíça, a introdução de um vencimento mínimo para quem trabalha mais de 42 horas semanais.
O texto já reuniu mais de 111 mil assinaturas e deverá, por isso, ser objecto de uma votação popular. O objectivo é garantir que todos os trabalhadores tenham "um salário decente”, como sustentou o economista e membro do sindicato Daniel Lampart, citado no site Swissinfo.
Mesmo que a ideia não venha a concretizar-se, os sindicatos esperam, pelo menos, pressionar as confederações colectivas de trabalho a agir. “Hoje, praticamente 10% dos que trabalham a tempo inteiro recebem um salário inferior a 4000 francos [3315 euros]”, diz este sindicalista, lembrando que, tendo em conta o nível de vida na Suíça, quem recebe menos do que este montante não tem condições para cobrir as despesas básicas. “Muitas vezes”, insiste, “têm de recorrer à assistência social”.
As estatísticas oficiais apontam para que cerca de 120 mil pessoas com um emprego a tempo inteiro vivam na pobreza. “Nenhum trabalho merece menos de 4000 francos”, ou seja, 22 francos (18,2 euros) por hora, reforçou o presidente do Sindicato do Pessoal dos Transportes, Giorgio Tutti.
Um salário mínimo existe em Neuchâtel, mas não a nível nacional. Segundo o jornal Le Temps, os opositores à introdução de um vencimento mínimo obrigatório argumentam que uma medida nesse sentido acabaria por conduzir a uma redução geral média dos salários.
Para os sindicatos, pelo contrário, determinar um mínimo nacional terá um efeito positivo, ou seja, o aumento das remunerações. Defendem, ao mesmo tempo, que esse valor deve ser indexado à inflação e nunca inferior à evolução do índice das pensões.
O mesmo site refere que as diferenças salarias no país se agravaram nas últimas décadas, comparando aquilo que um patrão ganhava há 30 anos (até 30 vezes mais do que o salário mais baixo pago nessa empresa), com a disparidade actual – até mil vezes acima do vencimento mais baixo.
Do Público
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