A reabilitação da Baixa do Porto recebeu cerca de um milhão de euros do Governo, enquanto a recuperação da frente ribeirinha de Lisboa, entre o Cais do Sodré, a Ribeira das Naus e Santa Apolónia, em Lisboa, deverá obter um financiamento governamental de 400 milhões. As contas são feitas pelo presidente da Câmara portuense, Rui Rio, que condena o distinto empenhamento da Administração Central em dois processos de requalificação urbana a Norte e a Sul do país.
"A requalificação da Baixa do Porto não é mais relevante do que 800 metros de frente ribeirinha de Lisboa? Para o Porto, a única comparticipação até à data foi a reposição em 60% do capital da Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), que foi de cerca de um milhão de euros. Não encerra qualquer crítica à Câmara de Lisboa, que fez o que lhe compete. O Governo é que tem de possuir sentido nacional e olhar o país como um todo", critica Rui Rio, sublinhando a diminuta participação da Administração Central no processo de reabilitação de toda a Baixa da Invicta.
Mas, a Norte, um financiamento de 400 milhões de euros serviria para pagar 80% das obras da segunda fase de expansão da rede do metro (orçada em 500 milhões de euros), tal como foi proposta pelos estudos de Paulo Pinho e de Álvaro Costa, especialistas em Mobilidade e professores da Faculdade de Engenharia do Porto. Ontem fez um ano que foi assinado o memorando entre o Governo e a Junta Metropolitana e, para já, decorre o concurso público para a construção da linha entre o Dragão e Venda Nova, Rio Tinto, em Gondomar.
Questionado pelo JN, Rui Rio calcula que serão investidos, nos próximos anos, "quase 10 mil milhões de euros" na região de Lisboa, o que "ultrapassa 5% do Produto Interno Bruto nacional", somando, além do investimento na frente ribeirinha, o financiamento do novo aeroporto de Lisboa, da linha Lisboa/Madrid do TGV e a nova travessia sobre o Tejo.
"É preocupante que os grandes investimentos nacionais estejam a ser canalizados para um local exclusivo do país. Nada diria se esses 10 mil milhões de euros fossem repartidos pelo país e investidos em áreas mais atrasadas, em termos de desenvolvimento, do que as áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa. Não há correspondência de investimentos desta grandeza.
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