Aristides de Sousa Mendes
Se fosse vivo, teria festejado ontem mais um aniversário.Algumas semanas depois da invasão da Polónia por Hitler e do início da Segunda Guerra Mundial, Sousa Mendes tinha recebido instruções formais para não emitir vistos a determinadas categorias de refugiados – nomeadamente judeus e antifascistas – sem autorização prévia do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O ministro era nesse tempo o ditador Salazar. Ele e os seus colaboradores no Ministério não tencionavam facilitar a entrada em Portugal a refugiados que, por razões raciais ou ideológicas, consideravam como indesejáveis.
Os pedidos de autorização para passar vistos a esses grupos de indivíduos tinham por isso pouco êxito.
Sousa Mendes cedo o descobriu por si mesmo.
Dado que considerava as novas normas para a passagem de vistos como racistas e desumanas, começou por contorná-las e infringi-las naquilo que parecem ter sido, pelo menos inicialmente, casos isolados.
Foi descoberto pela polícia política portuguesa (P.I.D.E.) e o Ministério dos Negócios Estrangeiros foi informado.
Este último ordenou-lhe que parasse, ameaçando-o com medidas disciplinares.
É impossível estabelecer os números exactos, mas é quase certo que mais de 10 000 refugiados conseguiram fugir de França, atravessar o território espanhol e a seguir entrar em Portugal, graças aos vistos de Sousa Mendes.
Em 24 de Junho de 1940, o Dr. António de Oliveira Salazar, ditador e ministro dos Negócios Estrangeiros português, enviou 2 telegramas chamando imediatamente a Lisboa o cônsul-geral português em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes.
O despacho acusava-o da "concessão abusiva de vistos em passaportes de estrangeiros". Ele significou o fim da carreira de 30 anos de Sousa Mendes. A verdade sobre o que tinha acontecido foi imediatamente silenciada pelo regime de Salazar.
Nem mesmo durante o processo disciplinar, realizado à porta fechada, se apurariam todos os factos.
Não sei se a toponimica da cidade já contempla a homenagem merecida a esta personagem.
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