Em notícia do Expresso da semana passada pode verificar-se que os partidos saem cada vez mais caros aos contribuintes. E como é que os partidos gastam o dinheiro que sai do nosso bolso? Segundo a reportagem do Expresso, em “sessões fotográficas e maquilhagens de políticos, bilhetes de autocarro e selos, ao lado de facturas de milhares de contos dos Excesso e da Ruth Marlene”. Acrescenta o jornal que “fazer as contas ao custo da democracia nos últimos 30 anos não é possível; sabe-se, no entanto, que em 2005 os partidos receberam 72 milhões de euros directamente dos contribuintes”.
Mais grave do que isso, este número representa uma multiplicação por dez em dez anos, quando os nossos salários, nestes mesmos dez anos, terão apenas duplicado (mais coisa, menos coisa). Ainda mais grave: o que fez disparar este número foi a proibição de donativos de empresas aos partidos em 2000, criando-se assim mecanismos para compensar estes cortes. No entanto, pela “porta do cavalo”, muitas empresas privadas continuam a financiar os partidos e, pior ainda, apenas 10 a 15% desses donativos chegam efectivamente aos partidos. O resto fica perdido nos bolsos de militantes influentes, dirigentes intermédios que têm negócios montados na venda de influência. E os empresários, sobretudo no ramo imobiliário, se não compram essas influências, não fazem negócio, pois a burocracia se encarrega de os travar. Pelo contrário, se pagarem a um político, até conseguem aprovar obras ilegais.
Claro que os partidos do poder (PS e PSD) são sempre os mais beneficiados, pois são eles que conseguem mais facilmente envolver-se nestes negócios corruptos. Como se não bastasse, os 72 milhões recebidos do Orçamento de Estado (e que saem do nosso bolso, repito) são maioritariamente açambarcados por estes dois partidos. Como? Muito fácil: esse dinheiro é recebido em proporção directa com o número de votos obtidos. Os portugueses que vão alegremente votar, em nome da democracia, estão a dar, para além dos subsídios a que os partidos já têm direito, mais onze ou doze euros ao partido em que votam. É isso mesmo que vale cada voto ao partido no qual se põe a cruzinha: quase 12 euros.
Na mesma edição do Expresso, na primeira página, o antigo Ministro das Finanças de Cavaco, Jorge Braga de Macedo (que aparece numa fotografia em roupão à beira do mar), tece largos elogios a Cavaco e a Sócrates pela sua dinâmica de reforma que trava a evolução do poder de compra dos portugueses, ao mesmo tempo que critica outros que não reestruturaram, por exemplo, a administração pública. Diz Braga de Macedo que Mário Soares, em 1992, vetou o Orçamento de Estado que previa a reestruturação da administração pública “porque atingia os direitos adquiridos”. E acrescenta: “Inacreditável”.
Pois inacreditável, para mim, é só chegarem a ministros deste país, com a conivência da maioria dos portugueses, sujeitos como este Braga de Macedo.
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