Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Eanes-Soares-Sampaio-Cavaco



A retórica da unidade, antes e depois das eleições, cai bem. À primeira vista parece ser uma panaceia excelente contra o caos da guerra partidária. Até acabou de ser benzida, no 25 de Abril, pelos quatro Presidentes. Mas uma reflexão mais crítica não deixará de encontrar precipícios nesta paisagem tão idílica.


Atente-se a este magnífico artigo de opinião de Paulo Morais, publicado no JN, sobre esta "unidade":



Cerimónias cor-de-rosa

2011-04-27

A pretexto das cerimónias do 25 de Abril, em Belém, presidente e ex-presidentes vieram apelar à unidade. Pedem agora ao povo que ajude a resolver os problemas criados por uma classe dirigente cujos principais símbolos são justamente Eanes, Soares, Sampaio e Cavaco. Pungente!
Estes apelos a uma unidade artificial são afinal o sintoma da luta desesperada pela sobrevivência deste regime moribundo. Fazem lembrar o pedido de união que Salazar dirigia aos portugueses aquando do início da guerra colonial ou as "conversas em família" de Marcelo Caetano. Reproduzem até a invocação da unicidade por parte da Intersindical, que apenas visava, em 1978, evitar o pluralismo na representação dos trabalhadores.
Os senadores de serviço tiveram até o descaramento de pedir aos partidos que se entendessem (antes e depois das eleições!), tentando assim coagir o saudável jogo democrático, mitigando o confronto de ideias que conduzem à apresentação de projectos alternativos. No seu íntimo, a unidade que preconizam não é a dos portugueses, mas a duma classe política entrincheirada, que já tem de se resguardar da indignação popular.
A aplaudir, ufana, toda a corte. Bem enfarpelada e cheirosa, revia-se nos discursos que na prática salvaguardam a manutenção dos seus privilégios. Seguiu-se a "valsinha das medalhas", com que se agraciaram uns quantos "tios" e "tias" da linha de Cascais com condecorações e prebendas. São assim premiados pela sua capacidade de ajudar a enganar o povo.
No fim da festa, não poderia faltar um "cocktail", em que a brigada de reumático de serviço se metamorfoseou em brigada da mão fria, copo gelado na mão e ar sisudo. Não estava lá ninguém para lembrar que não basta ser sisudo para ser sério, que é preciso é ser honesto. Ninguém recordou também que foi para acabar com este tipo de oligarquia que privilegia os favores e negócios de corte - e desvaloriza as eleições e a democracia - que se tinha feito a revolução de Abril.
Em suma, o Palácio de Belém não esteve à altura do 25 de Abril. Esteve mais à medida da
sua cor e das revistas cor-de-rosa.


Nós portugueses aderimos com facilidade a propostas que nos evitem chatices, como por exemplo imputar responsabilidades. Ou seja, separar o trigo do joio. Dá um jeitão ao governo em funções- e até aos presidentes dos últimos trinta anos- este diluir das culpas. Nós podemos meter tudo no mesmo saco antes das eleições mas então há que perguntar: em que é que as pessoas votam? Estão a escolher o quê?

0 comentários: