Gosto muito de ouvir rádio. Lembro-me, na escola primária, daquelas manhãs, em que o aparelho de rádio vinha para a sala de aula e o seu som nos conduzia para uma sala de aula longínqua, onde um professor ou uma professora falavam em português correcto, sem (des)acordo ortográfico, sobre a gramática, sobre história, sobre religião. Era sempre um evento muito interessante e estimulante. A minha professora, a D. Glória era já uma apreciadora das, então, novas tecnologias. O gosto ficou.
Mais tarde, com o transistor a pilhas colado ao ouvido, escutava os relatos dos jogos de hoquei em patins nos campeonatos da Europa e do Mundo, e, claro, dos jogos do meu FCPorto. Lembro-me de escutar com ansiedade o Quadrante Norte, das Produções Ilídio Inácio, ouvir os relatos do Amaro e os comentários do Alberto Sérgio e as reportagens do Fernando Santos, locução do Jaime Fernandes, todos assistidos pelo António Pinto, António Miranda, Armando Couto e pelo José Ferreira. Naquela inesquecível, porque mudou a face do futebol português, época de 1977/78, em que até um disco foi gravado com o relato dos golos. "Quando a bola corre solta sobre o gramado e o som do futebol .... e que golo... e o meu samba vai ficar assim, tururu...tutu".
Pois bem, tudo isto a propósito dos relatos de hoje em dia. Na televisão, um jogo qualquer só pode ser visto com omissão do som. Os paspalhos das tv´s são de uma tão confrangedora tendência clubística que é impossível escutar a sua voz. Som desligado. Por isso, tenho sempre o auricular do rádio no ouvido. Mas o Norte pouca expressão tem, e a maior parte dos relatos são telecomandados por sulistas, dos clubes do regime. Comparem a forma como gritam os golos: os dos lisboetas são comemorados com efusividade e duram como aquelas pilhas, já os do FCPorto com misto de vergonha e curto murmúrio. Mesmo os da "imaculada" RR. Na TSF, o Pateiro começou com energia a gritar os golos do Porto, até inventando uns refrões. Deve ter sido avisado pelo patrão sulista e agora já alargou a outros clubes. Perdeu a graça. Quanto aos comentários, nem se fala. Os golos dos lisboetas e as jogadas que protagonizam são hinos ao futebol. As jogadas dos atletas do FCPorto e os golos são resultado de erros do adversário ou desatenções miseráveis dos opositores. Irra que chateia.
Até que um colega de trabalho, o Eduardo Sousa, me referenciou a 5 FM, na frequência 100.8 mhz, uma estação de rádio com sede na Cidade da Maia.
Eu sei, que a publicidade no meio dos jogos é sempre uma coisa aborrecida, mas estas estações necessitam dela para sobreviver e por isso se desculpa. Mas o relato é para Dragões. Mais nada. Por isso, ouçam-na num dia de jogo do FCPorto e depois digam qualquer coisa...
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