O pesadelo da crise continua a apertar os cintos dos portugueses. Os tempos presentes e futuros apresentam-se muito complicados. Mas afinal a crise não é para todos. Os senhores deputados na Assembleia da República, além de manterem os subsídios de férias e natal, continuam a usufruir das regalias do cargo e mantêm o poleiro em muitas empresas privadas e do Estado. Apontavam o dedo à Grécia, mas afinal não é só ali que existem dois canteiros de flores com 50 jardineiros. Nesta terra de bovinos e caprinos, os conflitos de interesses no Parlamento de lisboa são notórios. Aguarda-se (sentado, claro) que algum deputado venha dizer (e fazer) que suspende as ligações às (muitas) empresas com quem mantêm relações profissionais, dedicando-se exclusivamente à causa pública. Desde o eucalipto de belém a outras instâncias superiores, todos assobiam para o lado e fazem de conta que estão distraídos. A Assembleia é um lugar de partidos, de funcionários de partidos, de indivíduos que não representam o povo, não representam o Círculo Eleitoral que o elegeu. A AR éum lugar onde se legisla em causa própria. A decência e a moral não assenta arraiais por ali. A transparência é apenas uma palavra oca a usar nos plenários mas não se reflete quando olham para o espelho. A Associação Cívica pela Transparência e Integridade denunciou agora que na Comissão Parlamentar de Obras Públicas quase metade dos deputados eram administradores de empresas privadas. A Assembleia da República sabe disso mas ninguém denúnciou a situação. Percebe-se porquê. Esta cumplicidade de bancada mostra que afinal há algo que está podre no meio parlamentar. Um grande número de deputados continua, em paralelo, a exercer a sua actividade em escritórios de advogados e noutros sectores. Sem problemas. Para eles, não há conflitos de interesses. O que conta, mais que o dinheiro, é o poder. Ninguém na AR faz questão de querer por ordem nesta situação bizarra. Por aqui se vê a qualidade dos deputados que nós temos. E depois falam da Grécia...
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