Apresentação do Loop
A antiga sede da União de Bancos no Porto e o edifício de escritórios contíguo serão requalificados para acolher habitação. A obra de reconversão dos imóveis arrancará no primeiro trimestre do próximo ano e ficará concluída no Verão de 2008. O investimento, a cargo do Grupo Millennium/BCP, está orçado em 13 milhões de euros, tendo sido apresentado como a principal alavanca da Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana para o trabalho de reabilitação do quarteirão de D. João I. Praça de D. João I e na Rua de Bonjardim, na Baixa portuense.
O Grupo Millennium/BCP já é dono de quase 80 por cento dos edifícios do quarteirão que vai ser intervencionado pela Porto Vivo e é o primeiro investimento privado, desenvolvido por um dos fundos imobiliários do Millennium BCP. Os dois edifícios inserem-se naquele quarteirão-piloto com quase um hectare que abarca 23 prédios com 34 proprietários. O presidente da Administração da SRU, Arlindo Cunha, afirmou que está a ser ultimado o documento estratégico para o quarteirão, com uma área bruta de construção total de 35 mil metros quadrados.
"Há dois anos de trabalho e de muitos contactos com os proprietários e os promotores. Queremos que este quarteirão seja uma zona com vocação funcional operativa quase meio a meio para habitação e para comércio e serviços. Cerca de 19 a 20 mil metros quadrados para cada uma destas funções", explicou, ontem de manhã, Arlindo Cunha, durante a cerimónia de apresentação do projecto para os edifícios Loop e Pateo Bonjardim. Seguem uma nova tendência da Baixa se, há alguns anos, muitos edifícios de habitação do Porto foram transformados em escritórios, agora assiste-se a um movimento inverso.
Neste projecto, estima-se um retorno do investimento da ordem dos 17 milhões de euros. Francisco Rocha Antunes, managing director da John Neild & Associados (gestão da promoção imobiliária), fez uma análise ao mercado e concluiu que há "grupos restritos, mas qualificados de pessoas com capacidade e com vontade para voltar à Baixa". A reconversão dos dois edifícios, que terão conceitos distintos, foi concebida pelo arquitecto lisboeta, Pedro Machado Costa, do Atelier de Santos. No edifício Pateo Bonjardim, projectam-se sete andares para habitação. O público-alvo é casais com mais de 55 anos e elevado poder de compra.
O edifício Loop, com "conceito mais vanguardista", promete "apartamentos de autor", com a assinatura de arquitectos, designers e artistas plásticos, assumidamente vocacionado para um segmento social elevado, terá um estabelecimento comercial no rés-do-chão, 37 apartamentos (36 dúplex e uma penthouse) em seis pisos, servidos por 74 lugares de estacionamento subterrâneo que ficará enterrado no miolo do quarteirão, onde nascerá um jardim. Os espaços sociais de cada apartamento serão inteiramente envidraçados para o exterior. E, pretendendo aliar o conceito de habitação de qualidade à funcionalidade de um hotel, o projecto incluirá serviços e espaços comuns, como lavandaria, ginásio, sauna, salão de festas, terraço e piscina com vista panorâmica sobre o Porto no topo do edifício. O futuro edifício Loop - que foi construído para albergar o hotel Solar de Aviz e acolheu a sede da União de Bancos - destina-se a pessoas solteiras ou a casais sem filhos. O imóvel na Praça de D. João I encontra-se devoluto há cerca de quatro anos.
A empreitada, deverá arrancar no primeiro trimestre de 2007 e ficar concluída em 2008.
O vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Lino Ferreira considerou que esta é a "primeira vitória de um processo já muito negociado" para o quarteirão de D. João I. O autarca deu conta que, em breve, a Câmara e o Instituto Nacional de Habitação (INH) irão reunir-se para repor o capital social da Porto Vivo. "Ainda não temos o carinho da Administração Central que teve o Chiado, mas lá chegaremos", ironizou Lino Ferreira.
O INH deverá negociar, ainda, um empréstimo com o Banco Europeu dos Investimentos para as obras de requalificação urbana.
O certo é que, longe de se limitar ao edifício Loop, a intervenção do Millennium/BCP vai abarcar a quase totalidade dos edifícios do quarteirão, delimitado pela Praça de D. João I, Ruas de Sá da Bandeira, Formosa, do Bonjardim e Travessa do Bonjardim, incluindo o do antigo Banco do Brasil. O modelo proposto pela Porto Vivo, que já foi aprovado pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar) e pelo executivo camarário, privilegia a componente habitacional. No total, está prevista a criação de cerca de 170 fogos, servidos por estacionamento subterrâneo. Nas contas dos responsáveis da sociedade, a zona poderá acolher cerca de 500 novos habitantes, apesar de o Ippar ter vetado a possibilidade de construção de mais do que seis pisos acima do rés-do-chão. O projecto prevê ainda a criação de um novo corredor pedestre entre a Rua Formosa e a Travessa do Bonjardim. Dentro de um mês, a Porto Vivo conta ter concluída a proposta-base do documento estratégico referente àquele quarteirão. Segue-se a obrigatória discussão pública do documento, após o que, havendo proprietários que não adiram ao projecto, a sociedade de reabilitação poderá avançar com os mecanismos de expropriação dos edifícios, à semelhança, de resto, do que foi feito na Praça de Carlos Alberto.
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