Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Miguel Sousa Tavares

20.45 TMG

3 - Verdadeiramente aterrador o resultado do exercício 2005/06 apresentado pela SAD do FC Porto: 30,4 milhões de euros de prejuízo, ou seis milhões e oitocentos mil contos, na moeda antiga. Mais assustador ainda, foram as razões apresentadas para este défice de exploração: o afastamento na primeira fase da Liga dos Campeões e o facto de se ter optado por não vender nenhum dos grandes jogadores (o que não é bem correcto, visto que sempre se vendeu o McCarthy e o Diego e só se compraram segundos ou terceiros planos). E assustador, porque isto significa que a SAD do FC Porto assume só conseguir equilibrar as contas, ou ao menos menorizar os prejuízos, através de receitas extraordinárias, que espera conseguir realizar todos os anos. Ou seja, tal como o País, o FC Porto vive com o que não tem, acima das suas possibilidades. Mas, enquanto o País já começa a reagir e o objectivo principal da politica financeira é hoje reduzir o défice das contas públicas até chegar ao ponto de equilíbrio, já no FC Porto continua a contar-se com a venda extraordinária do património ou com epopeias desportivas para poder continuar a gastar o que se gasta no resto. Aparentemente, o FC Porto só é viável financeiramente se conseguir vencer a Liga dos Campeões ou se conseguir vender um jogador por milhões. Só que nem de dez em dez anos se ganha uma Liga dos Campeões e nem de cinco em cinco anos aparece um Deco ou um Anderson. E, aliás, uma e outra coisa são incompatíveis: não se pode ganhar uma Liga dos Campeões sem um Deco ou um Anderson. Dir-me-ão que também se pode ganhar primeiro com eles e depois vendê-los. Pois pode: mas para ganhar a taluda duas vezes só mesmo alguém que compra os bilhetes premiados depois do sorteio, para lavar dinheiro.

4 - É sempre assim: primeiro, passa-se o mandato inteiro em campanha eleitoral para o mandato seguinte e a fomentar o culto da personalidade, até um ponto tão extremo e tão ridículo que só o próprio é que não se dá conta disso; depois, ameaça-se constantemente com a demissão, para logo suscitar jantares de apoio e movimentos de desagravo; repete-se até à exaustão que o clube não pode ser entregue a aventureiros nem ambiciosos, e que só por isso é que ele não abandona, conforme é seu veemente desejo; enfim, depois de assim ter secado tudo à roda e atingir a triste condição de candidato único, entra-se em pânico ao aperceber-se subitamente que a resposta dos eleitores a uma pugna tão entusiasmante pode vir a ser uma abstenção inconveniente. Chatices da democracia.

# in Jornal “A Bola”, 2006.10.17

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