Tão amigos que nós fomos
Hoje nem se podem ver. Luís Filipe Vieira e José Veiga, de um lado, e Pinto da Costa, no oposto, são os rostos da mais mediática querela do desporto nacional. Em momentos-chave, como as vésperas de um FC Porto-Benfica, as partes beligerantes contam armas e abrem fogo sobre o rival, pontapeando a bola do jogo muito antes do primeiro apito do árbitro. Mas já houve um tempo em que os dois presidentes e o director-geral da SAD do Benfica não só eram amigos como até se ajudavam.
A amizade de Pinto da Costa com José Veiga remonta ao tempo em que este era emigrante no Luxemburgo, nos finais da década de 80. Vivia de um negócio de pintura de automóveis e impressionava Pinto da Costa com o seu fervor clubístico, nas visitas do líder portista ao grão-ducado. A tal ponto que este deu a bênção à nomeação do amigo para presidente da casa do FC Porto no Luxemburgo. Veiga começou, também, a representar os portistas em diversas diligências oficiosas junto das altas esferas do futebol europeu. Conheceu gente importante, tornou-se intermediário de negócios de jogadores e com a ajuda dos irmãos Oliveira tornou-se empresário. Passou mesmo a ser o empresário de referência do FC Porto.
Em 1998, o FC Porto acordou a venda de Sérgio Conceição para a Lázio. Um negócio de dez milhões de euros que contemplava uma comissão de dez por cento para a Superfute, empresa de José Veiga e do filho de Pinto da Costa, Alexandre. Desta verba, metade ficou prometida a um empresário italiano, também parte interessada. Surge entanto um contratempo: Adelino Caldeira, dirigente portista, não via com bons olhos os negócios de Veiga, até porque o seu irmão, José Caldeira, já disputava uma fatia do mercado. O FC Porto decidiu conceder apenas cinco por cento de comissão, verba que foi inteirinha para o tal empresário italiano. Veiga ficou a ‘arder’. E incompatibilizou-se com Pinto da Costa. Mais tarde, numa entrevista ao ‘Expresso’, disse cobras e lagartos dos administradores da SAD portista e o assunto acabou em Tribunal. Assim nasceu um ódio de estimação, que perdura até hoje.
Mais tarde, a aproximação de José Veiga a Luís Filipe Vieira acabaria por ditar a ruptura entre o presidente do Benfica e Pinto da Costa. Amigos e aliados no tempo da presidência de Vieira no Alverca, hoje não se podem ver.
Fonte: Correio da Manhã
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