César Santos Silva
Durante muito tempo, a solução encontrada para transpor os rios foi a utilização de jangadas, barcas, barcaças, etc.. E era assim que entre o Porto e Gaia o trânsito se efectuava.
Em 1369, inaugurou-se uma nova forma de transpor o rio: um passadiço formado por barcas intervaladas e ligadas por uma corrente de ferro e, sobre elas, um estrado de madeira.
E durante séculos assim foi. Uma “ponte” efémera que servia para ligar as 2 margens que cada vez tinham mais contactos comerciais, provocados por uma população em crescente desenvolvimento. Mas esta situação tinha um inconveniente: quando as cheias aconteciam (e elas foram muito frequentes), estes passadiços eram destruídos pela força das águas.
Ponte das Barcas
Só em 1806 é que se construiu uma ponte mais sofisticada e para servir períodos mais alargados, a Ponte de Barcas.
Foi inaugurada a 15 de Agosto daquele ano. Era constituída por 33 barcaças, ligadas entre si por cabos de aço, e abria em 2 partes para dar passagem às embarcações que subiam e desciam o rio.
Esta ponte, como é sabido, entrou para a história pelo pior motivo: em 29 de Março de 1829, o alçapão que existia no centro da ponte foi aberto, tragando a vida de milhares de pessoas (4000 ou 5000?) que fugiam das tropas do general Soult.
Ponte Pênsil
Depois da tragédia, a Ponte das Barcas foi reconstruída até à edificação da Ponte Pênsil – foi oficialmente chamada de D. Maria II, mas nunca assim referida.
Obra dos engenheiros Bigot e Mellet, a Ponte Pênsil foi iniciada em 1841 e inaugurada em 1843. Tinha 170 metros de comprimento, 8 de largura, elevava-se a uma altura de 10 metros do rio e estava assente em 4 obeliscos com 18 metros de altura.
A empreitada foi realizada em 2 anos pela casa Claranges Lucotte & C. Seria demolida em Outubro de 1887 e, em seu lugar, construída a montante uma nova ponte que eternizou o nome do rei que na altura estava no poder: D. Luís I.
Ponte Maria Pia
A primeira grande obra de Gustavo Eiffel é constituída por um arco que suporta um tabuleiro ferroviário com 354 metros de extensão e está 61 metros acima do rio.
Começada em Janeiro de 1876, a Ponte Maria Pia foi inaugurada em Outubro de 1877.
A sua conclusão permitiu a ligação ferroviária entre o Sul e o Norte, o que ajudou à crescente industrialização da cidade e à transformação, com a edificação da Estação de Campanhã, das freguesias de Campanhã e Bonfim, que se tornariam os motores da indústria no Porto.
Ponte Luís I
No ano de 1879, o Governo abriu concurso para a construção de uma ponte que iria substituir a Ponte Pênsil, a Ponte Luís I (vulgarmente conhecida por Ponte D. Luís).
Foi vencedora a firma belga Société de Willebroeck, com projecto do engenheiro Teófilo Seyrig, que já tinha sido chefe da equipa de projecto da Ponte Maria Pia.
A sua construção iniciou-se em 1881 e foi inaugurada em 1886. O arco mede 172 metros. O tabuleiro superior mede 392m e o inferior 174. Como curiosidade, o custo total da obra foi orçado em 369 contos!
Ponte da Arrábida
Com o aumento do tráfego automóvel, a cidade viu-se na obrigação de se dotar de novas vias que respondessem às necessidades crescentes e ao aumento da população na margem sul do Douro. Por isso, não é de estranhar que em 1952 tenha sido adjudicada a construção de uma ponte na zona da Arrábida.
Com um vão de 270 metros, foi, durante algum tempo, a recordista mundial para pontes em arco de betão armado. O tabuleiro eleva-se a 70 metros acima do nível das águas, tem 500 metros de extensão e custou 242.000 contos.
O autor do projecto foi o engenheiro Edgar Cardoso e a obra foi entregue ao engenheiro José Zagallo. A construção estendeu-se de Maio de 1957 até 22 de Junho de 1963, dia em que foi inaugurada pelo Presidente da República de então, almirante Américo Tomás.
Ponte de São João
Com o aumento do tráfego ferroviário, os poderes públicos viram-se na obrigação de substituir a vetusta Ponte Maria Pia, o que aconteceu nos anos 80 do século XX. Edgar Cardoso é convidado a projectar esta nova ponte.
A Ponte de São João tem uma estrutura em pórtico com 3 vãos, 2 deles de 125 metros e um de 250 metros. O tabuleiro está apoiado em 2 pilares assentes no leito do rio, junto a cada uma das margens. A inauguração deu-se no dia de S. João de 1991.
Ponte do Freixo
Em Setembro de 1995, e dadas as novas necessidades de fluidez de trânsito, é inaugurada uma nova travessia a que se deu o nome de Ponte do Freixo.
Da autoria do professor António Reis, a sua localização é a montante de todas as outras, bem no extremo da cidade. A ponte tem 8 vãos, sendo o principal de 150 m, a que se seguem, para cada lado, vãos de 115 m. Tem 8 faixas de rodagem.
Ponte do Infante D. Henrique
Esta ponte veio substituir para o tráfego automóvel o tabuleiro superior da Ponte Luís I, que ficou só para o metro.
A travessia foi inaugurada em Março de 2003, sendo responsável pelo seu projecto o engenheiro Adão da Fonseca.
A travessia tem 371 metros de comprimento e 20 metros de largura. Trata-se de uma ponte à cota alta, com 2 faixas de rodagem em cada sentido, com um separador central.
César Santos Silva é investigador e divulgador da História do Porto e de Portugal.
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