Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

As Pontes do Porto

César Santos Silva

Durante muito tempo, a solução encontrada para transpor os rios foi a utilização de jangadas, barcas, barcaças, etc.. E era assim que entre o Porto e Gaia o trânsito se efectuava.
Em 1369, inaugurou-se uma nova forma de transpor o rio: um passadiço formado por barcas intervaladas e ligadas por uma corrente de ferro e, sobre elas, um estrado de madeira.
E durante séculos assim foi. Uma “ponte” efémera que servia para ligar as 2 margens que cada vez tinham mais contactos comerciais, provocados por uma população em crescente desenvolvimento. Mas esta situação tinha um inconveniente: quando as cheias aconteciam (e elas foram muito frequentes), estes passadiços eram destruídos pela força das águas.
Ponte das Barcas
As pontes do Porto
Gravura de H. L’ Evêque, 1817
Só em 1806 é que se construiu uma ponte mais sofisticada e para servir períodos mais alargados, a Ponte de Barcas.
Foi inaugurada a 15 de Agosto daquele ano. Era constituída por 33 barcaças, ligadas entre si por cabos de aço, e abria em 2 partes para dar passagem às embarcações que subiam e desciam o rio.
Esta ponte, como é sabido, entrou para a história pelo pior motivo: em 29 de Março de 1829, o alçapão que existia no centro da ponte foi aberto, tragando a vida de milhares de pessoas (4000 ou 5000?) que fugiam das tropas do general Soult.
Ponte Pênsil
As pontes do Porto
Imagem: DR
Depois da tragédia, a Ponte das Barcas foi reconstruída até à edificação da Ponte Pênsil – foi oficialmente chamada de D. Maria II, mas nunca assim referida.
Obra dos engenheiros Bigot e Mellet, a Ponte Pênsil foi iniciada em 1841 e inaugurada em 1843. Tinha 170 metros de comprimento, 8 de largura, elevava-se a uma altura de 10 metros do rio e estava assente em 4 obeliscos com 18 metros de altura.
A empreitada foi realizada em 2 anos pela casa Claranges Lucotte & C. Seria demolida em Outubro de 1887 e, em seu lugar, construída a montante uma nova ponte que eternizou o nome do rei que na altura estava no poder: D. Luís I.
Ponte Maria Pia
As pontes do Porto
Imagem: Repositório Temático da Universidade do Porto
A primeira grande obra de Gustavo Eiffel é constituída por um arco que suporta um tabuleiro ferroviário com 354 metros de extensão e está 61 metros acima do rio.
Começada em Janeiro de 1876, a Ponte Maria Pia foi inaugurada em Outubro de 1877.
A sua conclusão permitiu a ligação ferroviária entre o Sul e o Norte, o que ajudou à crescente industrialização da cidade e à transformação, com a edificação da Estação de Campanhã, das freguesias de Campanhã e Bonfim, que se tornariam os motores da indústria no Porto.
Ponte Luís I
As pontes do Porto
Imagem: DR
No ano de 1879, o Governo abriu concurso para a construção de uma ponte que iria substituir a Ponte Pênsil, a Ponte Luís I (vulgarmente conhecida por Ponte D. Luís).
Foi vencedora a firma belga Société de Willebroeck, com projecto do engenheiro Teófilo Seyrig, que já tinha sido chefe da equipa de projecto da Ponte Maria Pia.
A sua construção iniciou-se em 1881 e foi inaugurada em 1886. O arco mede 172 metros. O tabuleiro superior mede 392m e o inferior 174. Como curiosidade, o custo total da obra foi orçado em 369 contos!
Ponte da Arrábida
As pontes do Porto
Foto: DR
Com o aumento do tráfego automóvel, a cidade viu-se na obrigação de se dotar de novas vias que respondessem às necessidades crescentes e ao aumento da população na margem sul do Douro. Por isso, não é de estranhar que em 1952 tenha sido adjudicada a construção de uma ponte na zona da Arrábida.
Com um vão de 270 metros, foi, durante algum tempo, a recordista mundial para pontes em arco de betão armado. O tabuleiro eleva-se a 70 metros acima do nível das águas, tem 500 metros de extensão e custou 242.000 contos.
O autor do projecto foi o engenheiro Edgar Cardoso e a obra foi entregue ao engenheiro José Zagallo. A construção estendeu-se de Maio de 1957 até 22 de Junho de 1963, dia em que foi inaugurada pelo Presidente da República de então, almirante Américo Tomás.
Ponte de São João
As pontes do Porto
Foto: Wikimedia Commons
Com o aumento do tráfego ferroviário, os poderes públicos viram-se na obrigação de substituir a vetusta Ponte Maria Pia, o que aconteceu nos anos 80 do século XX. Edgar Cardoso é convidado a projectar esta nova ponte.
A Ponte de São João tem uma estrutura em pórtico com 3 vãos, 2 deles de 125 metros e um de 250 metros. O tabuleiro está apoiado em 2 pilares assentes no leito do rio, junto a cada uma das margens. A inauguração deu-se no dia de S. João de 1991.
Ponte do Freixo
As pontes do Porto
Foto: Wikimedia Commons
Em Setembro de 1995, e dadas as novas necessidades de fluidez de trânsito, é inaugurada uma nova travessia a que se deu o nome de Ponte do Freixo.
Da autoria do professor António Reis, a sua localização é a montante de todas as outras, bem no extremo da cidade. A ponte tem 8 vãos, sendo o principal de 150 m, a que se seguem, para cada lado, vãos de 115 m. Tem 8 faixas de rodagem.
Ponte do Infante D. Henrique
As pontes do Porto
Foto: Edifer
Esta ponte veio substituir para o tráfego automóvel o tabuleiro superior da Ponte Luís I, que ficou só para o metro.
A travessia foi inaugurada em Março de 2003, sendo responsável pelo seu projecto o engenheiro Adão da Fonseca.
A travessia tem 371 metros de comprimento e 20 metros de largura. Trata-se de uma ponte à cota alta, com 2 faixas de rodagem em cada sentido, com um separador central.

César Santos Silva é investigador e divulgador da História do Porto e de Portugal.

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