Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Ler livros faz bem à saúde


Autora: Zora Neale Hurston

Título original: Their Eyes Were Watching God
Editora: Clube do Autor
Tradutora: Maria João Freire de Andrade
Ano de Edição: 2011



Sinopse: «Contada pela voz cativante de uma mulher que se recusa a viver na dor, na amargura ou no medo, De Olhos Pousados em Deus apresenta-nos Janie Crawford, uma mulher negra de pensamentos e sentimentos profundos, que embarca numa demanda em busca do seu verdadeiro eu.
A viagem de Janie inicia-se aos dezasseis anos, quando a avó moribunda a obriga a casar com Logan Killicks, um homem mais velho que Janie despreza. Revoltando-se contra as tentativas de Logan em transformá-la numa moura de trabalho, Janie decide fugir com Joe Starks, um homem da cidade com grandes sonhos. Os dois seguem para Eatonville, onde, passado pouco tempo, Joe se transforma no seu presidente de Câmara, chefe dos correios e proprietário de terras.
Depois da morte de Joe, Janie apaixona-se por um trabalhador de espírito livre muito mais novo do que ela. Tea Cake é o verdadeiro amor de Janie e na sua companhia ela tem finalmente liberdade para se transformar nela mesma.»

Nota: Fortemente elogiado pela Oprah Winfrey, não se  trata de literatura cor-de-rosa, nem tão pouco dirigida a um público feminino e/ou lamechas. Trata-se de uma história de amor que tem por protagonista uma mulher. Mas como é uma boa história e está bem escrita, é indicada para todo o tipo de leitores. Para quem ainda estiver desconfiado, refiro então que este romance, originalmente editado em 1937, foi considerado pela revista Time um dos cem melhores romances de língua inglesa escritos entre 1923 e 2005.
A protagonista é Janie Crawford, uma mulher negra na casa dos quarenta que é alvo das bisbilhotices da vizinhança por causa da vida independente que leva e por ter vivido segundo lhe ditava o coração, o que na sociedade da época era difícil de aceitar, principalmente numa mulher… e negra. Assim, para que acabem as mexeriquices resolve contar à sua amiga Phoeby a história da sua vida, dos seus três casamentos, para que esta a transmita à comunidade inquieta. É esse o ponto de partida para conhecermos esta mulher corajosa. Nesses três casamentos, teve de tudo, primeiro um por imposição da avó moribunda que a fez casar, aos 16 anos, com um homem mais velho para que tivesse segurança na vida. Este obrigava-a a trabalhar arduamente e ela acaba por fugir com um homem cheio de ideias que do nada chega a presidente de uma câmara e a grande proprietário de terras. Após a morte deste, Janie, já com uma vida confortável, segue finalmente o amor, casando com Tea Cake, um amante da liberdade a quem os bens materiais pouco interessavam e que tinha dificuldade em criar vínculos. É a sua relação com Tea Cake o grande “momento” desta obra, pois por amor segue este homem “sem cabeça” cujo grande lema parece ser viver a vida sem preocupações. Por amor, Janie abdica do conforto e conquista a felicidade no meio da precariedade (a viver do trabalho sazonal que havia nas plantações) e é através da forma como enfrenta as adversidades que vemos a força desta mulher.
É óbvio que através da vida desta mulher, dos seus homens, dos seus amigos e inimigos, obtemos um retrato vivo de uma época atribulada (os primeiros anos do século XX no Sul dos EUA) onde as questões raciais eram muito vincadas e a distinção homem-mulher também muito forte, levando, portanto, Janie a ter de enfrentar não só preconceitos raciais como também sexistas.
Uma nota para a tradução cuidada de Maria João Freire de Andrade que respeitou a fonética dos diálogos encontrando em português boas soluções para os muitos erros e falhas presentes na fala pobre dos personagens – arranjou equivalentes na nossa língua que não quebraram o fluir do enredo, muito pelo contrário. E se de início parece complicado, não desistam, quando derem por ela já estão sob um alpendre a conversar alegremente com Janie, Tea Take e os outros. Assim, somos mais facilmente transportados para os ambientes criados por Zora Neale Hurston na descrição da história de Janie. E isso, neste tipo de obra, é tremendamente importante. [retirado algures da NET]


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