Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Portuenses Ilustres: Fernando Lanhas


Morreu o pintor Fernando Lanhas


Fernando Lanhas (Porto, 1923-2012), um dos embaixadores da pintura abstracta, morreu neste domingo. Contemporâneo de Nadir Afonso e Júlio Pomar, o pintor e arquitecto natural do Porto é considerado um pioneiro na introdução do chamado abstraccionismo geométrico em Portugal.

A sua obra arquitectónica é menos conhecida que a sua pintura.É o autor das remodelações dos museus de Paços de Ferreira (1963), de Paredes, da Figueira da Foz e do museu militar do Porto. Foi nesta cidade que nasceu, a 16 de Setembro de 1923, e aí estudou Arquitectura na Escola de Belas-Artes. 

Envolveu-se também em trabalhos de antropologia e etnografia, chegando a dirigir o Museu de Etnografia do Porto. Em 2005 recebeu o doutoramento honoris causa da Faculdade de Belas Artes do Porto.

O funeral de Fernando Lanhas realiza-se na segunda-feira, às 15h, com saída da Igreja da Nossa Senhora da Boavista (ao Foco) para o crematório do cemitério de Sendim, em Matosinhos.

João Fernandes, director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, diz que a morte de Fernando Lanhas representa "o desaparecimento de um dos grandes artistas em Portugal no século XX, e um dos nomes mais universais da arte portuguesa".

"Lanhas teve a capacidade de ser radicalmente contemporâneo no seu tempo, ao ter praticado a abstracção geométrica pela primeira vez no nosso país, sem saber ainda o que então se fazia lá fora”. E foi também alguém que “tornou contemporâneo o homem renascentista na reunião dos seus múltiplos saberes: a pesquisa arqueológica e a atenção ao passado, as interrogações da astronomia e a perspectivação do futuro”, nota o director artístico do MACS.

João Fernandes recorda a pesquisa de fósseis que Fernando Lanhas realizou na serra de Valongo, perto do Porto. E também a colecções que reuniu com os seixos que recolhia nas praias e que depois pintava, “antecipando formas estéticas da land art e da earth art”, que depois seriam consagradas no mundo anglo-saxónico e teriam, a partir daqui, grande divulgação mundial.

João Fernandes considera que está ainda por estudar e avaliar convenientemente também a obra que Lanhas deixou na poesia, além dos” textos fabulosos com que registava os seus sonhos”.

O Museu de Serralves dedicou em 2001 uma grande exposição retrospectiva à obra de Fernando Lanhas – a pintura, a sua colecção de fósseis e de pedras pintadas, que foi simultaneamente completada com uma exposição dos seus desenhos no Lugar do Desenho – Fundação Júlio Resende, em Valbom (Gondomar). Nos anos seguintes, Serralves foi depois expondo com regularidade obras de Fernando Lanhas – uma das exposições das suas “pinturas recentes” foi realizada no Silo Cultural no Norteshopping, em Matosinhos.

“Fernando Lanhas era um vizinho do Museu de Serralves, não só do ponto de vista literal, porque ele vivia perto, mas também na sua proximidade afectiva: ele visitava Serralves frequentemente, trazia-me os seus desenhos, o registo dos seus sonhos e também as maquetas dos seus livros, “um invulgar trabalho gráfico” que Serralves foi publicando também com regularidade.

A obra de Lanhas está representada na Colecção de Serralves, e noutras que estão depositadas na fundação, entre as quais a da sua própria família.

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