- Ailton, Carlinhos, Bruno Gomes, Kléber e Moreira, do Estoril;
- Patrick, do Marítimo;
- Salvador Agra, Hamzaoui, Willyan e Vítor Gonçalves, do Nacional;
- Philipe Sampaio e Samu, do Boavista;
- Miguel Silva, Bruno Gaspar, Pedro Henrique, Alex Pinto, João Vigário e Zungu, do Vitória de Guimarães;
- João Amaral e Bruno Varela, do Vitória de Setúbal;
- Krovinovic e Roderick, do Rio Ave…
Alguns destes nomes são rumores, outros já foram confirmados e outros estarão prestes a sê-lo. Em qualquer dos casos, esta é uma questão muitíssimo relevante e que deve merecer a nossa maior atenção, sobretudo se tivermos em conta que a imprensa, corrompida pelas lentes vermelhas, demitiu-se da sua vocação exploratória e de investigação.
Não colocamos em causa a qualidade e o profissionalismo destes atletas, mas não é difícil perceber que a maioria não tem nem nunca terá sequer oportunidade para se afirmar no plantel principal da turma de Carnide. Primeiro, porque não têm qualidade para isso. Depois, porque o plantel não pode ter 40 ou 50 jogadores. Como podemos entender, então, estas contratações? Quais as vantagens que o boifica vê em tornar-se uma plataforma giratória de jogadores que, muitas vezes, não chegam a pisar o relvado? Quais os dividendos que recolhe deste negócio, no qual investe alguns milhões de euros por ano?
1. Em primeiro lugar, com estas transferências o boifica vai alimentar financeiramente vários clubes da Primeira Liga, que são ao mesmo tempo seus “rivais” no campo e seus potenciais parceiros nas estruturas dirigentes do futebol. Aproveitando a sua situação financeiramente vulnerável, ajuda a sustentabilidade das suas contas e alivia o aperto. Não podemos esquecer a tentativa de interferência em eleições de clubes (caso Paços de Ferreira e outros) e a votação de aliados/parceiros/sucursais ao lado do boifica no caso dos vouchers/limite máximo de prendas a árbitros/corrupção na Assembleia Geral da Liga. Todos estes eventos correspondem ao mesmo fenómeno.
2. Como a maior parte destes jogadores não terá lugar no plantel principal do boifica, vários deles serão emprestados a outros clubes da Primeira Liga, alargando-se assim a rede de ligações a outras equipas que já resultava das próprias contratações (por exemplo, não se fala da contracção de nenhum jogador do Tondela, mas alguém tem dúvidas de que 3 dos excedentários da turma de Carnide acabarão por ir lá parar?)
3. Com meia dúzia de negócios com um conjunto significativo de clubes portugueses, vários deles realizados (ou pelo menos projectados) com a época passada em curso, o boifica estava, ao mesmo tempo, a financiar clubes, a fortalecer relações com outros dirigentes, a alimentar falsas expectativas de jogadores adversários e a fomentar negócios com determinados empresários. É muito provável que muitos jogadores tenham defrontado o boifica em 2016/2017 sabendo que poucos meses, semanas ou dias depois estariam em Carnide a assinar o contrato dos seus sonhos. As consequências disto, dentro e fora do campo, podem ser vastíssimas e não são difíceis de imaginar. Lembram-se dos auto-golos bizarros ou das desistências nos sprints? É “aquele bichinho”…
4. Noutros casos, tão ou mais graves, os rumores poderão ter sido plantados (muitos deles emergiram no jornal A BOLA) com o único fim de desestabilizar os jogadores da equipa adversária que a turma de Carnide estava prestes a defrontar, sem nunca ter existido um interesse real no jogador. Por exemplo, Miguel Silva, guarda-redes que defendeu a baliza do Vitória na final da taça, foi apontado como potencial substituto de Ederson, precisamente pela A BOLA, mal o jogo da meia-final com o Chaves ditou os adversários no Jamor. Caso se confirme, este caso (e tantos outros a ele similares) levanta suspeitas de aliciamento e constitui um ilícito grave, que poderia levar a penalizações severas para a turma de Carnide.
Com tudo isto, o que está em causa, no fundo, é o poder no quadro do futebol português. Ao boifica não chega um poder quase-absoluto; tem de ser absolutíssimo. E, querendo mandar cada vez mais, precisa de um número cada vez maior de dependentes (clubes dependentes, dirigentes dependentes, jogadores dependentes, empresários dependentes) - uma atitude totalitária e despótica, que define claramente aquilo que temos vindo a designar de Liga Salazar.
Mais do que a qualquer lógica desportiva, estes negócios espelham um objectivo político de controlo e dominação. São os tentáculos do polvo a estenderem-se cada vez mais… No fundo, como disse Luís Filipe Vieira em 2003, “são mais importantes os lugares na liga do que contratar bons jogadores.” Catorze anos depois, estas palavras mantêm toda a actualidade e são um espelho perfeito do que o Benfica tem vindo a fazer nos últimos tempos.
(Como podem imaginar, alguns tópicos abertos por este post serão futuramente desenvolvidos.)
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