AFONSO COSTA
Foi o grande obreiro da separação entre o Estado e a Igreja. Se hoje vivemos num Estado laico, devemo-lo a Afonso Costa. Orador brilhante, foi um dos elementos mais importantes na luta contra a Monarquia. Após a implantação da República, foi ministro da Justiça e primeiro-ministro. Afastado do poder pelo golpe de Sidónio Pais, não mais voltou ao Governo. Em oposição ao Estado Novo, exilou-se em Paris. Afonso Costa deixou a sua marca na política portuguesa. “Marcou a transição do século XIX para o século XX”, diz o deputado João Soares.
Afonso Costa foi um homem de ardores. Nunca foi um político de consensos. “O seu nome polarizava ódios e paixões”, conta, em entrevista a OS GRANDES PORTUGUESES, o escritor Pedro Mexia. Foi um homem com vontade férrea, que nunca abandonou as suas convicções. Mesmo quando contrárias à sensibilidade dos Portugueses. Correu atrás do futuro. As suas opiniões e os seus argumentos nunca eram anémicos, e a sua perigosa ironia era avassaladora. Sempre causou polémica com seu envolvimento político. A sua missão? Ser a principal pedra no sapato da Monarquia. Os seus alvos? Os poderes instituídos da Igreja.
Afonso Costa tinha duas facetas. No Parlamento e nos comícios, era um radical. Na vida extrapolítica, um cavalheiro atento às boas maneiras e à forma como se apresentava. Atribuía grande importância às questões da honra. Participou em inúmeros duelos.
Nasceu em 6 de Março de 1871 numa localidade próxima de Seia. Era o mais novo de três irmãos. Em 1888, matriculou-se na faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e depressa se revelou um dos mais brilhantes alunos do curso. Em 1896 iniciou a carreira de docente na Universidade de Coimbra e tornou-se o seu mais jovem catedrático. Começou a exercer advocacia. O sucesso foi imediato. A forma magistral como argumentava trouxe inúmeros clientes ao seu escritório.
A política entrou cedo na vida de Afonso Costa - nunca disfarçou a paixão pelos ideais republicanos. Os seus dotes oratórios vieram a revelar-se um trunfo importantíssimo para o Partido Republicano, que na época tinha pouca expressão. Em 1897 Afonso Costa discursou pela primeira vez num comício. As suas palavras foram tão convincentes que passou a ser considerado uma das figuras mais influentes do Partido.
Em 1900, foi eleito para a Câmara dos Deputados, pelo círculo do Porto, com um programa político muito claro: substituição das instituições monárquicas por outras de feição republicana. “Foi uma figura que sempre tentou contrariar o sentido da história”, diz, convicto, Pedro Mexia. Os seus discursos eram calorosamente escutados. Afonso Costa encabeçou o exército dos descontentes. A Monarquia tinha um adversário temível.
Passados alguns meses, caiu o Governo e foram marcadas novas eleições, mas Afonso Costa não conseguiu ser reeleito. Em 1908, o País estava em crise. Em Lisboa, um grupo de amotinados tentou destituir a Monarquia e proclamar a República. Foram colocadas bombas em várias esquadras de polícia, o que levou à prisão de vários republicanos, entre eles Afonso Costa. Este foi também o ano em que o rei D. Carlos e o herdeiro do trono, Luís Filipe, foram assassinados.
Em Outubro de 1910, um golpe militar implantou a República. Foi formado um governo provisório chefiado por Teófilo Braga, com a árdua tarefa de impor um movimento de raiz urbana num país rural. Afonso Costa ficou com a pasta da Justiça: fez uma revolução num ministério que primava pela discrição. Avançou com várias reformas marcadamente anti-religiosas, que contribuíram para o aumento da impopularidade da jovem República junto do povo e para o afastamento do novo regime de grupos mais conservadores do republicanismo. Mas Afonso Costa não cedeu a pressões e recusou-se a fazer do ministério um refúgio de mediocridade. Imperturbável, continuou com as suas políticas de afirmação dos valores laicos da República. “Este foi o homem que separou a Igreja do Estado”, diz o deputado João Soares. Entre os seus vários decretos-leis, encontra-se a instituição do registo civil obrigatório e a lei da separação.
Afonso Costa fez parte de outros governos, tendo inclusive chefiado alguns. Uma coisa é certa: não foi um político apaziguador. Na realidade, é visto como um dos causadores da instabilidade que se viveu durante a I República. Foi afastado, em 1917, pelo golpe de Sidónio Pais. Esteve preso durante algum tempo, mas no ano seguinte chefiou a delegação portuguesa que assinou o tratado de rendição da Alemanha. Foi também representante português na Sociedade das Nações. Nos últimos anos da I República, foi algumas vezes convidado a formar governo, mas recusou sempre. Em 28 de Maio de 1926, deu-se o golpe de Estado que conduziu ao Estado Novo. O País entrava numa espécie de sono negro e vazio. Afonso Costa, a viver em Paris, decidiu exilar-se. Ainda organizou a oposição no exílio, mas sem sucesso. Faleceu na cidade das luzes no dia 11 de Maio de 1937.
Afonso Costa sempre foi fiel aos seus valores, intransigente no ímpeto reformador. Nunca abandonou os ideais de juventude. É considerado, por isso, um dos políticos mais radicais da história de Portugal. Duas estradas divergiam na sua vida - e ele optou pela mais difícil. “Foi uma pessoa que teve poder e que mudou o País”, diz Pedro Mexia. Não influenciou apenas a política - também influenciou as mentalidades.
Foi o grande obreiro da separação entre o Estado e a Igreja. Se hoje vivemos num Estado laico, devemo-lo a Afonso Costa. Orador brilhante, foi um dos elementos mais importantes na luta contra a Monarquia. Após a implantação da República, foi ministro da Justiça e primeiro-ministro. Afastado do poder pelo golpe de Sidónio Pais, não mais voltou ao Governo. Em oposição ao Estado Novo, exilou-se em Paris. Afonso Costa deixou a sua marca na política portuguesa. “Marcou a transição do século XIX para o século XX”, diz o deputado João Soares.
Afonso Costa foi um homem de ardores. Nunca foi um político de consensos. “O seu nome polarizava ódios e paixões”, conta, em entrevista a OS GRANDES PORTUGUESES, o escritor Pedro Mexia. Foi um homem com vontade férrea, que nunca abandonou as suas convicções. Mesmo quando contrárias à sensibilidade dos Portugueses. Correu atrás do futuro. As suas opiniões e os seus argumentos nunca eram anémicos, e a sua perigosa ironia era avassaladora. Sempre causou polémica com seu envolvimento político. A sua missão? Ser a principal pedra no sapato da Monarquia. Os seus alvos? Os poderes instituídos da Igreja.
Afonso Costa tinha duas facetas. No Parlamento e nos comícios, era um radical. Na vida extrapolítica, um cavalheiro atento às boas maneiras e à forma como se apresentava. Atribuía grande importância às questões da honra. Participou em inúmeros duelos.
Nasceu em 6 de Março de 1871 numa localidade próxima de Seia. Era o mais novo de três irmãos. Em 1888, matriculou-se na faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e depressa se revelou um dos mais brilhantes alunos do curso. Em 1896 iniciou a carreira de docente na Universidade de Coimbra e tornou-se o seu mais jovem catedrático. Começou a exercer advocacia. O sucesso foi imediato. A forma magistral como argumentava trouxe inúmeros clientes ao seu escritório.
A política entrou cedo na vida de Afonso Costa - nunca disfarçou a paixão pelos ideais republicanos. Os seus dotes oratórios vieram a revelar-se um trunfo importantíssimo para o Partido Republicano, que na época tinha pouca expressão. Em 1897 Afonso Costa discursou pela primeira vez num comício. As suas palavras foram tão convincentes que passou a ser considerado uma das figuras mais influentes do Partido.
Em 1900, foi eleito para a Câmara dos Deputados, pelo círculo do Porto, com um programa político muito claro: substituição das instituições monárquicas por outras de feição republicana. “Foi uma figura que sempre tentou contrariar o sentido da história”, diz, convicto, Pedro Mexia. Os seus discursos eram calorosamente escutados. Afonso Costa encabeçou o exército dos descontentes. A Monarquia tinha um adversário temível.
Passados alguns meses, caiu o Governo e foram marcadas novas eleições, mas Afonso Costa não conseguiu ser reeleito. Em 1908, o País estava em crise. Em Lisboa, um grupo de amotinados tentou destituir a Monarquia e proclamar a República. Foram colocadas bombas em várias esquadras de polícia, o que levou à prisão de vários republicanos, entre eles Afonso Costa. Este foi também o ano em que o rei D. Carlos e o herdeiro do trono, Luís Filipe, foram assassinados.
Em Outubro de 1910, um golpe militar implantou a República. Foi formado um governo provisório chefiado por Teófilo Braga, com a árdua tarefa de impor um movimento de raiz urbana num país rural. Afonso Costa ficou com a pasta da Justiça: fez uma revolução num ministério que primava pela discrição. Avançou com várias reformas marcadamente anti-religiosas, que contribuíram para o aumento da impopularidade da jovem República junto do povo e para o afastamento do novo regime de grupos mais conservadores do republicanismo. Mas Afonso Costa não cedeu a pressões e recusou-se a fazer do ministério um refúgio de mediocridade. Imperturbável, continuou com as suas políticas de afirmação dos valores laicos da República. “Este foi o homem que separou a Igreja do Estado”, diz o deputado João Soares. Entre os seus vários decretos-leis, encontra-se a instituição do registo civil obrigatório e a lei da separação.
Afonso Costa fez parte de outros governos, tendo inclusive chefiado alguns. Uma coisa é certa: não foi um político apaziguador. Na realidade, é visto como um dos causadores da instabilidade que se viveu durante a I República. Foi afastado, em 1917, pelo golpe de Sidónio Pais. Esteve preso durante algum tempo, mas no ano seguinte chefiou a delegação portuguesa que assinou o tratado de rendição da Alemanha. Foi também representante português na Sociedade das Nações. Nos últimos anos da I República, foi algumas vezes convidado a formar governo, mas recusou sempre. Em 28 de Maio de 1926, deu-se o golpe de Estado que conduziu ao Estado Novo. O País entrava numa espécie de sono negro e vazio. Afonso Costa, a viver em Paris, decidiu exilar-se. Ainda organizou a oposição no exílio, mas sem sucesso. Faleceu na cidade das luzes no dia 11 de Maio de 1937.
Afonso Costa sempre foi fiel aos seus valores, intransigente no ímpeto reformador. Nunca abandonou os ideais de juventude. É considerado, por isso, um dos políticos mais radicais da história de Portugal. Duas estradas divergiam na sua vida - e ele optou pela mais difícil. “Foi uma pessoa que teve poder e que mudou o País”, diz Pedro Mexia. Não influenciou apenas a política - também influenciou as mentalidades.
0 comentários:
Enviar um comentário