Relativamente à questão das gratificações já muito se falou. Vale a pena falar sobre isso, e sobre a falta de pudor de receber gratificações com o historial financeiro da SAD, mas sobre isso já falei quando saiu o relatório do 1º semestre e agora tem sido falado por muita gente. Deixo aqui as palavra do Miguel Sousa Tavares que expressam o meu pensamento.
Aqui cabe perguntar como é que um só exercício positivo, entre tantos negativos, confere direito a gratificação e como é que uma sociedade que jamais distribuiu ou distribuirá dividendos pelos seus accionistas e cujas acções valem metade do preço de subscrição, se permite distribuir gratificações pelos seus administradores— sobretudo quando tem um passivo acumulado de 122 milhões de euros. E também é legitimo perguntar como é que, após dois anos plenos de receitas extraordinárias, o passivo, em lugar de diminuir, aumentou. Esperam-se esclarecimentos.
Vamos agora falar unicamente das remunerações fixas dos elementos dos Conselhos de Administração das sociedades.
Ao longo destes anos as remunerações fixas na SAD e associadas tiveram uma evolução normal, dentro dos parâmetros da inflação e de aumentos praticados nas empresas privadas.
Pois bem, em 2004/2005 as remunerações fixas (e relembro que estão fora destas contas as gratificações) na SAD tiveram um aumento de 89,3% (de 647.777 euros para 1.226.037 euros) e nas empresas associadas (PortoEstádio, PortoComercial e PortoMultimédia) tiveram um aumento de 45,3% (passaram de 312.180 euros para 453.680 euros).
A pergunta que eu faço é: Qual a justificação para aumentos das remunerações fixas de 89,3% e 45,3%? Pela "boa gestão" do ano anterior? Os administradores ameaçaram despedir-se e iam trabalhar para a concorrência?
Quando se fala em crise económica no país, quando todos os anos os relatórios/orçamentos da SAD são feito com frases de 'deficit de exploração', o que dizer de aumentos destes?
Volto a escrever que não sou utópico ao ponto de querer administradores de borla. As pessoas devem ser remuneradas em função daquilo que produzem e fazem, mas há limites. E o que não houve este ano, a todos os níveis, foi limites na gestão da SAD.
E isto para mim, é ainda mais grave que a questão das gratificações, porque as gratificações foram pagas o ano passado, mas ou muito me engano ou tão cedo não voltam a ser pagas, mas as remunerações fixas vão ficar para este e para os próximos anos. Pelo menos já sabemos para onde vão os 80% dos valores do aumento das quotas, que a SAD recebe do clube (esse aumento deve rondar um valor ligeiramente abaixo de 1 milhão de euros), o que vale é que quando Pinto da Costa disse que era preciso o aumento das quotas para o clube ter capacidade de construir o pavilhão, eu sorri e votei contra.
(opinião formada in Óculos Azuis e Brancos)
Já agora, aqui vão as Contas do FC Porto:
1 comentários:
Concordo que em primeiro lugar se deve distribuir o proveito da actividade pelos accionistas e só depois pelos gestores, caso contrário não existe de futuro moral para ir ao mercado financeiro tentar injectar novos investimentos em aumentos de capital ou operações afins. Existem no entanto indicadores de uma gestão com qualidade acima da concorrência, tais como um plano de dívida do estádio a ser cumprido na integra sem recurso a passes de jogadores como garantia, uma exploração da marca por valores acima de outras, com maior implantação no país e fora dele. E se os resultados das últimas épocas parecem desmentir estas palavras, o plantem tem activos que com a inevitável vendas vão permitir manter a estrutura de capitais. Disto nem todos se podem gabar. Quanto ao aumento da remuneração dos órgãos sociais, é também a meu ver desadequado. São vícios de quem governa há tantos anos.
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