Ayaan Hirsi Ali é a deputada holandesa-somali que trabalhou com Theo van Gogh num filme sobre as mulheres e o Islão. Faz um ano esta semana que van Gogh foi assassinado numa rua de Amesterdão por um terrorista islâmico que era contra o filme. Hirsi Ali foi entrevistada recentemente por Andrea Seibel, vice-chefe de redacção do «Die Welt».
Eis algumas das suas opiniões:
A.H.A.: Na América, é-se americano desde que se lá entra. Na Europa, a maioria dos imigrantes quer sempre regressar à sua terra natal. Em consequência, são sempre acolhidos como meros «visitantes» nas suas novas sociedades. Se uma pessoa não se defende sozinha na América, se não ganha o seu dinheiro, está literalmente morto e fracassará. Na Europa, o estado social distribuiu dinheiro generosamente, deixando os imigrantes num estado de espírito passivo. O seu «modo de ser diferente» é encorajado pelos sacerdotes islâmicos importados, que lhes dizem que não têm nada de comum com os infiéis.
A.H.A.: Chegou a altura de tratarmos os imigrantes como cidadãos genuínos. O governo tem de agir mais claramente, por vezes com maior dureza, e tem de exigir mais. Veja os crimes de honra contra as mulheres turcas, que são um problema aqui na Holanda. Não apenas o homicida tem de ser punido, mas também toda a família, até a mulher que serve o chá enquanto o conselho de família se reúne para preparar este acto sangrento. Precisamos de enviar um sinal: não é permitido fazer estas coisas. Nos casos de excisão do clítoris precisamos também de um sistema de controlo. Na Holanda, temos esse sistema, mas ainda funciona numa base de voluntariado. Contudo, já é um começo.
A.H.A.: Quando vamos às comunidades turcas e falamos sobre os valores e códigos de comportamento que são incompatíveis com a liberdade e a democracia, muitas vezes ouço o argumento de que, na Europa, os judeus foram mortos e que isto é também o que está destinado para os muçulmanos - eliminá-los culturalmente. Estes são argumentos assassinos que paralisam qualquer europeu. Pela minha parte, na minha qualidade de nova mulher europeia, digo-lhes: não se deixem enganar! O que essas pessoas estão a dizer é simplesmente, «deixem-nos em paz e deixem-nos continuar a oprimir as nossas mulheres». Nenhuma sociedade civil nem nenhum governo têm de aceitar isto.O multiculturalismo cristaliza o estado existente em vez de permitir maior desenvolvimento. Sei que a reforma do Islão começará na Europa, tal como aconteceu com a reforma do cristianismo, principalmente devido à liberdade de opinião. É muito importantes compreender isto. A opressão nas famílias muçulmanas é a maioria das vezes perpetrada pelas mulheres, pelas mães, pelas sogras. Somos nós, mulheres, que transformamos os homens em opressores.
0 comentários:
Enviar um comentário