Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Reviver o passado em Macau

(via Grande Loja do Queijo Limiano)

A entrevista de José António Barreiros, publicada no último "O Independente" e os comentários que se lhe seguiram, em que se falou de Macau, televisão, Emaudio, etc., fizeram-me procurar um exemplar do livro de Rui Mateus, esquecido desde 1996 numa estante e que só agora vim a ler. O livro contém estórias muito interessantes, escritas por um protagonista de muitos acontecimentos ainda hoje mal explicados.É uma leitura interessante, principalmente neste período pre-eleitoral. Sobre o nascimento da Emaudio, transcrevo alguns excertos que me parecem elucidativos.
(...) No dia 17 de Fevereiro encontrar-me-ia, como combinado, em casa de Mário Soares onde Ivanka Corti era convidada para o almoço. Ali, embora ainda sob a emoção da vitória, Soares explicaria que tinha ideia de aproveitar os recursos de algumas fundações partidárias que lhe eram afectas, para participar na tão falada privatização dos meios de comunicação social e abertura da TV ao sector privado. Queria primeiro melhor estudar o assunto, mas desde logo pediria à convidada italiana que transmitisse um convite seu a Silvio Berlusconni para vir a Portugal. Este não perderia tempo e chegaria pouco tempo depois a Lisboa, no seu avião pessoal acompanhado de Ivana Corti. Estava disposto a associar-se ao grupo do Presidente Mário Soares se isso, estou convencido, lhe pudesse trazer mais benefícios que investimentos. Antes do jantar, no Palácio de Belém, os seus técnicos seriam autorizados a montar ali uma espécie de mini-estúdio de TV com equipamento, para a altura ultra-sofisticado, que trouxera consigo no avião. Depois da refeição demonstraria até altas horas o seu "produto" ao Presidente da República e aos seus convidados portugueses, os quais viriam a constituir o grupo Emaudio. Na reunião que teria lugar na sua casa de campo em Nafarros, Soares reuniria os elementos escolhidos para formar o grupo, a quem explicaria os objectivos. O seu filho, que até então vivera numa relativa obscuridade política (...). Almeida Santos, a quem competiria a orientação jurídica do projecto, era desde há muito o braço direito de Soares. Bernardino Gomes, que anos antes tinha definido as "regras" para a viabilidade das empresas ligadas ao PS. Carlos Melancia, homem da sua máxima confiança e reconhecido pela sua competência técnica (...). Raúl Junqueiro, muito ligado a Melancia (...). Menano do Amaral (...). João Tito de Morais (...). Eu seria o oitavo elemento escolhido em virtude de deter a presidência da FRI, que assumira por sugestão de Mário Soares após a sua eleição.(...) Entretanto em Lisboa, no dia 18 de março de 1987, tinha sido constituida na avenida António Augusto de Aguiar, na sede da Fundação de Realações Internacionais, a Emaudio, S.A., Sociedade de Empreendimentos Audio Visuais para ir ao encontro dos acordos que estávamos em vias de concretizar coma News International de Rupert Murdoch.(...) Cada um de nós teria direito a receber graciosamente cinco por cento do capital do que a empresa viesse a ser, como remuneração pela nossa contribuição pessoal para o projecto. Cinco por cento do que viesse a ser o valor da empresa e não 5% de cinco mil contos. Os restantes 60% ficariam em meu nome, enquanto presidente da FRI e na qualidade de fiel depositário dos interesses do projecto político de Mário Soares, a ser desenvolvido por intermédio daquela fundação e que tinha dois grandes vectores: reconquistar o PS para a área "soarista" e ser reeleito Presidente da República em 1991. Ou vice-versa. Não sei bem !
Rui Mateus – Publicações Dom Quixote – pág. 289/296

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