«Tal como se esperava, Quaresma foi suspenso por dois jogos pela cotovelada com que alegadamente atingiu Tixier durante o jogo com o Leiria. Ou seja, num daqueles caprichos que só fazem sentido na justiça portuguesa, o extremo do FC Porto deve ficar afastado dos relvados por causa da alegada cotovelada que deu a Tixier mais ou menos o mesmo tempo que já tinha ficado durante a primeira volta por causa da cotovelada com que Tixier lhe partiu os queixos. É o que se chama Justiça cega, mas num País em que se acusam os pais do rapto dos próprios filhos tudo se pode esperar.
Quaresma, como muitos outros antes dele, teve azar. Jogar no FC Porto dá galo nesta coisa das relações com a justiça desportiva. Se tivesse mais sorte, ou se vestisse uma cor mais berrante, talvez só à terceira fosse considerado reincidente, mas sendo as coisas como são, o mais provável é que a violenta queixada com que atingiu o frágil cotovelo de Tixier na primeira ronda do campeonato tenha sido considerada como agravante.
Aliás, não deixa de ser curiosa a grande ironia cósmica de ver a mesma CD que condena Quaresma a cumprir dois jogos de suspensão, arquivar no final da última semana o processo de inquérito a Katsouranis que, certamente carregado de boas intenções, partiu o perónio a Anderson. Dois dos melhores jogadores do campeonato, que só por coincidência jogam pelo FC Porto, são afastados dos relvados à trauliteirada pelos adversários que saiem incólumes graças à complacência dos árbitros e a cumplicidade cega da CD, enquanto o presidente da Liga tenta inocentemente perceber porque há cada vez menos gente nos estádios. Porque será?
Veremos se o campeonato, desequilibrado como estava nos relvados, finalmente se equilibra fora deles.»
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