Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

O país e a paisagem

Alberto Castro, Professor universitário
1) Domingo de manhã. Está um dia de Inverno lindo frio é certo, um pouco de vento, mas um sol esplendoroso e um mar com aquele azul-esverdeado que só nesta altura do ano se pode ver. Estou a gozar a oportunidade quando a TSF me anuncia que ao frio se associa, agora, a chuva, num domingo para esquecer, bom para ficar em casa. Esfrego os olhos. Devo estar a ter uma miragem! A TSF tem fama de ser uma "rádio jornal" rigorosa, que vai, com o mesmo empenho, ao fim do mundo ou ao fim da rua. Abro os olhos e o dia continua como eu o havia visto: lindo. Percebo, pelo resto da notícia, que o tal domingo horrível acontece em Lisboa e que, se assim é, o país não tem escolha! Encolho os ombros e, interiormente primeiro, exteriormente depois, não consigo deixar de sorrir.
2) Domingo, dia 21, fim da tarde. O canal público transmite o jogo da Taça entre o Benfica e o Leiria. Ao intervalo o resultado está em 0-0. A segunda parte começa e a coisa não ata nem desata. Os comentadores, como se de uma conversa de café se tratasse, elaboram sobre a forma como o Benfica se deve organizar para ganhar o jogo! A hipótese de haver alguém do Leiria a ver o jogo, e estar interessada em que o ganhe, parece não lhes ocorrer. Enquanto prosseguem nas suas considerações tácticas, como não quer a coisa, o Leiria marca um golo. Anunciam-no quase em surdina. Não posso deixar de sorrir! Confesso que me teria rido se o Benfica, com justiça, não tivesse marcado dois golos. Anunciados com estridência, pois claro!
3) Sábado, dia 20. O semanário Expresso anuncia que Azeredo Lopes, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, recebe ajudas de custa para estar duas noites em Lisboa e que lhe pagam a gasolina para ir e vir ao Porto, onde reside. Este zelo com os gastos públicos ou de entidades de supervisão vêm, regularmente, ao de cima nos órgãos de comunicação da capital mesmo, como é o caso, quando tem expressão nacional. Mas apenas para este tipo de despesas. Foi assim com Miguel Cadilhe, Fernando Gomes, Teixeira dos Santos e, agora, Azeredo Lopes. No caso em apreço, pode ser uma mera diatribe contra o presidente de uma entidade que não se aprecia. Lido numa outra perspectiva, este é mais um bom argumento para não sedear este tipo de entidades na capital. Os ordenados e salários do pessoal técnico tendem a ser substancialmente mais baixos fora de Lisboa, como o demonstram as estatísticas do IRS. Como o poder político e a maioria das empresas reguladas estão centralizados em Lisboa, ao afastar o regulador dessa envolvente dificultam-se os encontros fortuitos e as tentações de aconselhamento e reforçam-se as condições de independência. Promove-se, por fim, o surgimento de novos centros de competência na medida em que aquelas entidades recrutam um número significativo de quadros e contratam bastantes estudos. Generalizando a lógica da notícia do Expresso, ficamos a saber que nem sequer o argumento de ser em Lisboa que há uma maior concentração de quadros especializados relevaria. Ao fim e ao cabo, estes poderiam ir trabalhar para qualquer parte do país, sem custos adicionais ou até, quem sabe, por menos, dado que os custos de vida são aí menores. Se quisesse ser mauzinho poderia concluir, ainda, que, se assim o entender, o Dr. Balsemão pode fundar uma delegação em qualquer lugar do país sem outro custo que não o da renda basta deslocar para lá, por quatro anos, o jornalista autor da notícia sobre Azeredo Lopes
Nota de interesse - sou amigo e colega de Universidade de Azeredo Lopes.
Alberto Castro escreve no JN, semanalmente, às terças-feiras.

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