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"Como diria George Orwell se se interessasse pelo assunto, as cotoveladas são todas iguais, mas pelos vistos há algumas que são mais cotoveladas do que as outras. A cotovelada com que Quaresma terá atingido Tixier na primeira jornada da segunda volta do campeonato, por exemplo, é mais cotovelada do que aquela com que Tixier fracturou o maxilar a Quaresma na primeira jornada da primeira volta do campeonato. E é certamente muito mais cotovelada do que aquela com que Nani, por exemplo, atingiu Ricardo Sousa no jogo entre o Sporting e o Boavista. Tanto assim, que alguns especialistas nem sequer foram capazes de a classificar como cotovela, preferindo dizer que o jogador do Sporting atingiu o jogador do Boavista na cabeça com o braço, mas garantindo desde logo que não o fez de forma intencional. Sim, porque a intencionalidade destas coisas é perfeitamente perceptível para o olho treinado e todos sabemos que há por aí quem tenha o olho bem inflamado de tanto treino. Aliás, o problema é que a violência e intenção das cotoveladas, tal como a beleza, está precisamente nos olhos de quem as vê e depende da cor das lentes com que cada um olha para cada jogo. E é assim que, aquilo que para uns é uma cotovelada bárbara no queixo de algum desgraçado, para outros não passa de uma queixada traiçoeira no cotovelo de outro. Ora, esta dualidade de critérios, de pesos e de medidas, seria normal à mesa do café, numa discussão entre adeptos de clubes diferentes, mas é incompreensível quando interpretada pelos árbitros de futebol responsáveis pela aplicação da leis do jogo. E traduz-se em algumas injustiças gritantes. "
Jorge Maia in O Jogo
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